São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997
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98 é a porta para o século 21

JOSEPH COURI

Final de ano é sempre época de reflexões. De pôr na balança o que foi bom, o que não foi, prós e contras, e fazer planos. Como fazer isso determina o nosso rótulo de pessimista ou otimista, a discussão, após as medidas econômicas, ganhou corpo e se transformou em um tema da moda.
Pessoalmente, já tenho uma fórmula para superar essa discussão. Temos como princípio, como ensinava o velho Gramsci, ser pragmático na avaliação e otimista na ação. Isso tem sido responsável por parte do sucesso que temos tido em nossa atuação em defesa dos micro e pequenos industriais.
Alguns números de 97 ilustram esse raciocínio. Num ano considerado "ruim/péssimo" por 52% dos empresários, conseguimos nos manter como forte setor empregador e propulsor da economia, com um total de trabalhadores nas micro e pequenas indústrias superior em 0,8% ao de 96.
Ou seja, temos 7.400 postos de trabalho a mais em relação a 96 e ainda 6,7% acima do contingente de 788,4 mil empregados em 1994, no lançamento do Real.
Um fator determinante para que isso pudesse acontecer, mesmo com o processo de modernização da produção avançando nas empresas, foi a implantação do Simples. Trata-se da verdadeira reforma tributária, de que o Simpi se orgulha de ter participado.
A crise internacional, que forçou o governo a aumentar os juros, é preocupante e vai penalizar nosso setor e toda a atividade produtiva.
Já apresentamos nossa proposta -enviada diretamente ao presidente Fernando Henrique Cardoso- e esperamos vê-la implementada. Defendemos duas taxas de juros. Uma para política financeira e outra para a produção.
Estamos na virada do milênio. O ano de 98 será crucial para uma arrancada na direção de melhores indicadores sociais no século 21. Se isso não começar já, corremos o risco de perder o bonde da história e entrar no terceiro milênio longe da sonhada modernidade. Juntos e conscientes, não permitiremos que isso aconteça.

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