São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 1997
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Final de "Seinfeld" acirra competição nos EUA

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

O ano termina na TV norte-americana com o anúncio do fim de "Seinfeld". Esta será a nona e última temporada da comédia preferida dos norte-americanos, exibida no Brasil pelo canal Sony. Com "Plantão Médico", "Seinfeld" garante o sucesso da rede NBC nas noites de quinta-feira, um sucesso que rende cerca de US$ 1 bilhão anuais à emissora.
A interrupção ameaça o domínio que a NBC exerce atualmente no mercado norte-americano e aquece a competição entre as emissoras abertas. O desafio é o de colocar no ar uma novidade que consiga atrair audiências cada vez mais dispersas entre os canais a cabo.
A decisão de retirar "Seinfeld" do ar contraria a emissora e partiu de Jerry Seinfeld, criador e principal ator do seriado. Após longa negociação com o resto da equipe e com os principais dirigentes da NBC, Seinfeld manteve sua intenção de parar enquanto está em alta, mesmo que isso signifique a recusa do que a imprensa classifica como o contrato mais lucrativo já proposto na televisão.
"Seinfeld" deriva sua popularidade da leveza sem maiores pretensões com que trata as neuroses do dia-a-dia de Nova York. O seriado se apresenta como uma extensão personalizada do cotidiano dos espectadores. Pode ser pensado como uma versão leve e engraçada da ansiedade corriqueira que justifica o mau humor e o tratamento grosseiro usualmente atribuído à cidade grande.
"Seinfeld" promove o riso sem maiores consequências. Mas só é capaz desse feito porque se apresenta como fortemente conectado com a "realidade".
Além de concentrar em si as principais funções criativas do programa, Jerry Seinfeld representa a si mesmo.
O humorístico se vale de convenções estabelecidas em "sitcoms" clássicos, atualizadas para os anos 90. Em vez das desventuras de uma família de classe média, trata das angústias autocentradas de um grupo de amigos.
Mas o que era novidade no início dos anos 90 perdeu o frescor no fim da década. Embora Seinfeld negue alguma relação, sua decisão foi tomada após as primeiras críticas negativas recebidas pelo seriado no início da temporada.
A decisão de suspender o segundo programa mais lucrativo da TV dos EUA e a recusa de um contrato milionário estimado em US$ 5 milhões por episódio foi classificada de emocional pela imprensa.
Talvez a conexão com a "realidade" tenha funcionado a ponto de abalar a convicção do criador-personagem. Os fãs de "Seinfeld" terão que se contentar com a exibição de episódios repetidos do seriado.

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