São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 1997
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Rebeliões aumentam 147% em SP

Motins crescem com lotação

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de rebeliões de presos em distritos policiais e cadeias públicas explodiu este ano no Estado de São Paulo.
Até o último dia 9 de dezembro, a Secretaria da Segurança Pública havia contabilizado 178 motins em carceragens sob sua responsabilidade na capital, Grande São Paulo e interior (veja quadro ao lado).
No ano passado, as rebeliões somaram 72 casos. Portanto, de 96 para 97 (até o início de dezembro), houve um aumento de 147% de casos oficiais de rebeliões.
A quantidade de revoltas em delegacias do Estado, do início deste mês até ontem (20), é quase três vezes maior do que o número de rebeliões em dezembro de 96 -7.
O aumento do número de rebeliões foi seguido do crescimento da população carcerária nos DPs.
Enquanto em 96 havia 28.501 pessoas recolhidas em delegacias do Estado, este ano os presos já somam 31.241 -aumento de 9,6%.
Já o número de fugas tende a se manter inferior nesse período. Em 96, ocorreram 589 casos de fuga. Este ano, até o início do mês, 582.
No final do ano, as fugas e rebeliões costumam aumentar. No último fim-de-semana, por exemplo, ocorreram cinco motins em delegacias da capital. Pelo menos, 20 presos conseguiram fugir.
"O preso sente mais a cadeia com a proximidade das festas. Ele quer sair para se encontrar com a família", disse Mauro de Andrade, delegado-assistente da Divisão Carcerária do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).
Para ele, o aumento de rebeliões este ano está associado "à superlotação dos distritos".
"É preciso mudar o sistema de penas. Aumentar a aplicação de penas alternativas. Só enfiar na cadeia não adianta."
O secretário-executivo do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas), Oscar Vilhena, credita o crescimento dos motins à superlotação do DPs, "somada à mudança do perfil do preso: mais jovem e mais violento".
São Paulo tem hoje 16.160 presos (51,73% do total) condenados cumprindo pena em delegacias e cadeias públicas.
Essa população não poderia, por lei, estar nessas carceragens -deveria estar no sistema penitenciário.

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