São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 1997
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B.B.King

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais famoso guitarrista de blues em atividade, B.B. King, 72, construiu um estilo inconfundível de tocar e, já faz alguns anos, abandonou qualquer pretensão a originalidade. O que, neste caso, está longe de ser um problema.
Em "Deuces Wild", ele repete a fórmula que deu certo há quatro anos em "Blues Summit", quando regravou em duetos algumas de suas músicas mais conhecidas -o que, de certo modo, ele já havia feito em 71 com "In London".
Há duas diferenças entre "Deuces Wild" e "Blues Summit". A primeira é que não houve repetição de músicas. A outra é que, no CD anterior, os parceiros eram preferencialmente de blues. Já neste, o leque é mais abrangente, abarcando até o rapper Heavy D.
A qualidade dos convidados não é homogênea. Mas o resultado, graças a Lucille (a guitarra de King) e aos arranjos nada ousados, não soou irregular.
Dessa forma, Dionne Warwick ("Hummingbird"), Zucchero ("Let the Good Times Roll") e Willie Nelson ("Night Life") se tornaram não apenas indolores, mas até bem palatáveis.
E duetos com o pianista Dr. John ("There Must Be a Better Love Somewhere") e com os cantores Joe Cocker ("Dangerous Mind") e Van Morrison ("If You Love Me") não podem sair ruins mesmo.
Em alguns casos, King se revigora com o sangue novo. Como em "Ain't Nobody Home", em que D'Angelo canta para Lucille.
Nas 17 faixas e quase 80 minutos de duração, o disco traz excelentes versões, embora poucas tragam grandes inovações em relação às originais. A grande exceção é "Keep It Coming", que, transformada em rap por Heavy D, é um dos pontos altos do CD. Foi um dos poucos que não se contentou em ser mero coadjuvante do guitarrista.
Às vezes isso já é muito. Quantos artistas podem se dar ao luxo de ter os Rolling Stones em um papel secundário, como ocorre em "Paying the Cost to Be the Boss"?
King não convidou muitos guitarristas. Eric Clapton faz bonito duelando em uma versão mais balançante de "Rock Me Baby". Já David Gilmour passa em branco em "Cryin' Wont Help You". Mas não chega a tirar o brilho do CD.
Como se trata de uma compilação incrementada, "Deuces Wild" serve também como um cartão de visitas para quem quer se iniciar em B.B. King.
(LAR)

Disco: Deuces Wild
Artista: B.B. King (participações de Rolling Stones, Eric Clapton, D'Angelo, David Gilmour, Heavy D, Joe Cocker e outros)
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 18, em média

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