São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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Nova lei de doação causa fila para mudar RG

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A doação presumida de órgãos a partir de janeiro para quem não tiver registrado em documento vontade contrária causou ontem longas filas e tumultos nos postos de identificação do Distrito Federal.
O movimento nos postos aumentou 80% nos últimos 15 dias, segundo calcula José Aires da Silva, diretor da Divisão de Identificação do DF.
"Os postos estão sobrecarregados de atendimento e isso está causando transtorno. A culpa é do noticiário, que está informando errado as pessoas", diz o diretor.
A partir de amanhã, 1º de janeiro, as pessoas que não tiverem manifestado em um de seus documentos de identificação que não querem ser doadoras poderão ter seus órgãos, tecidos e partes do corpo retirados após a morte, de acordo com a lei nº 9.434.
A vontade contrária deve constar de um documento de identificação, como carteira de identidade, de motorista ou de órgão de classe.
Após a edição do decreto que regulamentou a lei, em junho, foi dado um prazo de seis meses para que as pessoas que tiraram documento antes do decreto atualizassem seus papéis, caso quisessem manifestar vontade contrária à doação. Hoje termina esse prazo.
Isso não impede que as pessoas manifestem a vontade de não ser doadoras daqui para a frente. Elas podem colocar a inscrição de não-doador no documento no dia que quiserem.
No entanto, se morrerem antes de ter manifestado essa vontade, passam a ser doadoras presumíveis e seus órgãos são passíveis de ser retirados.
Desde 1º de julho, quem retirou a primeira via ou renovou documentos de identificação e não quis ser doador teve de manifestar essa vontade no documento. Prevalece sempre o documento mais recente.
"Pelo que vi na televisão, achei que amanhã (hoje) fosse o último dia para dizer que não era doador e que daqui para a frente não ia mais poder botar no documento que não queria doar o órgão", disse o comerciante Edson Figueiredo, 39, que aguardava atendimento no posto de identificação em Taguatinga com a mulher, Glória, 33.
Às 7h30, meia hora antes de abrir, havia uma fila de cerca de 300 pessoas no posto, segundo a polícia.
Tem posto que atende na hora da abertura, normalmente, umas 15 pessoas. Hoje (ontem), havia 85. As filas na maioria dos postos variaram de 200 a 300 pessoas antes de distribuir senha, e isso causa tumulto porque todo mundo quer ser atendido", diz Aires Silva.

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