São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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SP ratifica corte em obras e cultura

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem, em segunda votação, o projeto substitutivo à proposta orçamentária para 98 elaborada pelo prefeito Celso Pitta e pelo secretário das Finanças, José Antonio de Freitas. O Orçamento aprovado foi de R$ 8,475 bilhões.
O valor proposto é de cerca de R$ 790 milhões a mais do que o previsto para este ano. O aumento não significa necessariamente mais investimentos nos setores essenciais do município.
Ao contrário. Se cumprida à risca a proposta orçamentária, apenas educação (com 28% a mais do que em 97) e saúde (21,4%) receberiam mais dinheiro -mas isso não representa melhora imediata e automática nos serviços.
Apesar disso, a Secretaria das Finanças afirma que a área social, com 41% do Orçamento (R$ 3,48 bilhões), receberá o maior volume de recursos da história.
No setor de saúde, pesaram os custos de operação e manutenção das cooperativas do PAS (Plano de Atendimento à Saúde), estimados em R$ 840 milhões (68% superiores ao valor do Orçamento de 97).
As demais pastas sociais sofreram cortes: Família e Bem-Estar Social (-35,4%), Habitação (-33%), Cultura (-53,6%), Esportes (-25,3%) e Meio Ambiente (-15,2%). No setor de infra-estrutura, Administrações Regionais (com 8,8% a mais) e Transportes (18,2%) foram beneficiados. No entanto, sofreram reduções Obras (-5,4%) e Vias Públicas (-8,7%).
Neste ano, Pitta já remanejou cerca de R$ 1,5 bilhão, aproveitando brechas na lei e a ausência de controle da Câmara e do Tribunal de Contas para alterar mais de 20% o Orçamento de 97.
Foram ainda transferidos cerca de R$ 700 milhões a título de "excesso de arrecadação", ao mesmo tempo que a prefeitura apontava a queda na receita como um dos motivos da crise financeira.
Apesar de os vereadores terem aprovado a proposta, é consenso na Câmara que o Orçamento pode ser alterado durante o ano por conveniência da prefeitura.
"A liberdade para transpor dotações orçamentárias permite a total desfiguração entre o que os vereadores aprovam e o que a prefeitura executa", afirma o vereador José Eduardo Cardozo (PT).
O líder do governo na Câmara, Hanna Garib (PPB), diz que a prefeitura usa instrumentos legais. "A lei autoriza que o Executivo altere 15% do Orçamento aprovado. Portanto, não há nada de errado."

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