São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997 |
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Bolsa rende o dobro dos juros no ano
GABRIEL J. DE CARVALHO
O Índice Bovespa, que mede a variação dos preços das ações mais negociadas na Bolsa paulista, fechou o ano com alta de 44,8%, contra 63,76% no ano anterior. Mesmo com o Imposto de Renda de 10% na venda hipotética de carteira com o perfil do Ibovespa, o investidor embolsaria 40,3%. O Índice Senn, da Bolsa do Rio, acumulou valorização um pouco mais modesta em 97, mas ainda assim expressiva, de 39,4%. Os juros, mesmo com o salto a partir de novembro, ficaram longe da performance do mercado acionário (ver gráfico ao lado). O CDB (Certificado de Depósito Bancário) prefixado de grande investidor -alguém que aplica a partir de uns R$ 200 mil- obteve 20,72% líquidos de Imposto de Renda, sem computar a CPMF. Parâmetro para a rentabilidade bruta das aplicações em FIFs (Fundos de Investimento Financeiro), o CDI (juro interbancário) acumulou 24,60% no ano. Aparentemente, não deixa de ser um paradoxo esse comportamento do mercado de ações no Brasil, pois 97 foi marcado pelo crash global, a onda de fortes quedas nas Bolsas em todo o mundo. Para enfrentar os efeitos do crash, o governo brasileiro dobrou, há exatos dois meses, juros que já vinham num patamar elevadíssimo se considerada a inflação. Tudo muda de figura, entretanto, se for feito um corte no ranking: antes e depois do crash. A alta de 44,8% do Ibovespa contém, ainda, muita "gordura" do primeiro semestre. Foi a partir de julho que os mercados passaram a ser abalados pelo furacão que veio da Ásia e continua a preocupar. Até o dia 8 de julho, pico histórico do Ibovespa, a valorização no ano chegou a atingir 93,4%. De lá para cá, o índice apresenta queda de 25,1%. No segundo semestre de 97, enquanto a Bolsa paulista registra queda de 18,9%, o CDI chega a 12,8% brutos. Descontando o IR de 15%, caem para 10,9% em seis meses. Essa taxa equivale a 23% ao ano, performance que será facilmente superada em 98, devido à subida dos juros. Anualizados, os juros do mês que vem somam 38%. Os contrastes do ranking de 97 trazem de novo, segundo analistas, algumas velhas lições a quem pretende investir suas sobras. Bolsa é risco puro, dosado pelo "timing" da entrada e da saída, além da qualidade do papel que se adquire nos pregões. A longo prazo, continua sendo boa opção, mas apenas para uma parcela do dinheiro disponível. Algo como 20% ou no máximo 30%. Vem daí a segunda lição: diversificar os investimentos ainda é o caminho a ser seguido por pequenos e médios investidores que optam por não torrar tudo em consumo. Próximo Texto: Poupança dá ganho real superior a 6% Índice |
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