São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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Vencimento de dívidas faz won cair 12%

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Mais de cem companhias sul-coreanas devem pagar hoje dívidas avaliadas em US$ 1,5 bilhão. Ainda não está claro quantas vão conseguir honrar seus compromissos.
Em uma tentativa de evitar novas falências, o Banco da Coréia (banco central) está pedindo aos bancos que emprestem dinheiro às companhias.
Nove conglomerados sul-coreanos, conhecidos como "chaebols", quebraram este ano.
No último mês, em apenas um dia, cerca de 50 empresas do país se declararam insolventes.
Os bancos sul-coreanos, no entanto, também estão enfrentando dificuldades para fechar seus balanços.
Em mais um dia de tensão, a moeda sul-coreana, o won, voltou a cair ontem 12% devido à procura pela moeda norte-americana por parte de empresas que precisam pagar dívidas até o final do ano.
Bancos resistiram em vender dólares por causa dos pagamentos em moeda estrangeira que também devem realizar. O dólar foi cotado ontem a 1.590 wons.
Na segunda-feira, o won havia subido 6%. Seu valor estava 24% superior ao atual no final da última semana. A moeda sul-coreana acumula desvalorização de 47% este ano.
A Bolsa de Seul está fechada esta semana devido ao feriado de final de ano.
Credores
Credores externos da Coréia do Sul concordaram em prolongar créditos até o mês de janeiro para impedir a possibilidade de uma moratória.
Com isso, o país ganha tempo para encontrar uma solução para honrar a sua dívida externa de curto e longo prazos, avaliada em US$ 156,9 bilhões pelo Ministério das Finanças e da Economia, segundo levantamento feito em 30 de novembro.
O país possui somente US$ 4,7 bilhões em reservas internacionais, segundo a agência norte-americana de avaliação de crédito Standard & Poor's.
Bancos e companhias sul-coreanas têm dívidas avaliadas em US$ 20 bilhões com vencimento no final do próximo mês.
O país recebeu em dezembro US$ 16 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e do Banco Asiático de Desenvolvimento.
Os recursos integram o pacote de ajuda internacional de US$ 57 bilhões.
Estima-se que esse montante não seja suficiente para ajudar a recuperar a economia do país.
Na segunda-feira, representantes dos principais bancos internacionais dos Estados Unidos, do Japão e de países da Europa se reuniram em Nova York (EUA) para discutir uma maneira de ajudar a Coréia do Sul.
Entre os bancos representados no encontro, estavam o Chase Manhattan, o J.P.Morgan, o Merrill Lynch, o Tokyo-Mitsubishi, o HSBC Holdings e o Swiss Bank.
O pacote de ajuda dos bancos deve incluir US$ 10 bilhões em novos créditos e a ampliação do prazo de vencimento de parte das dívidas. Em troca, os banqueiros querem garantias das autoridades do país.
Dívida
O governo sul-coreano descartou ontem a possibilidade de absorver a dívida dos bancos sul-coreanos.
"O governo nunca transformou nem transformará uma dívida privada em dívida pública", disse Chung Duk Koo, assistente do Ministério das Finanças e da Economia.
"Nós apoiaremos nossos bancos, mas não dessa maneira", afirmou.
Alguns analistas afirmam que não será fácil que tantos bancos estrangeiros concordem em ajudar a Coréia por meio de um mesmo pacote, pois as dívidas são de tipos e tamanhos diferentes.
Ontem, representantes de dez das maiores instituições financeiras do Japão se reuniram pelo segundo dia consecutivo para discutir a conversão de parte das dívidas de curto prazo em dívidas de longo prazo.
Participaram do encontro em Tóquio, capital do Japão, bancos como o Tokyo-Mitsubishi, o Sanwa Bank, o Sumitomo Bank, o Sakura Bank, o Fuji Bank e o Tokai Bank.
Bancos da Alemanha anunciaram na segunda-feira que também devem adiar por 30 dias o vencimento de parte da dívida de curto prazo.

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