São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997 |
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Emenda 'abafa' escândalos da Câmara
DANIEL BRAMATTI
Na última terça-feira -mesmo dia em que o plenário votou a reeleição-, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) concluiu um processo de oito meses e absolveu o deputado federal Marquinho Chedid (PSD-SP) da acusação de ter extorquido dinheiro de donos de casas de jogos. Já o deputado federal João Iensen (PPB-PR), suspeito de integrar um esquema de venda de concessões de rádio, está numa situação ainda mais confortável: é provável que nem sequer seja aberto processo contra ele. "Esse é o preço do 'oba-oba' da reeleição. Chedid foi absolvido, a questão das rádios está indo para o arquivo e até o deputado Pedrinho Abrão deve se livrar. A maioria governista não tem interesse em fazer uma reforma transparente no Congresso", disse o deputado José Genoino (PT-SP). Abrão O último caso citado por Genoino -que envolve o ex-líder do PTB Pedrinho Abrão (GO)- está tramitando na CCJ e não tem prazo para conclusão. Abrão foi acusado pelo ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente e Recursos Hídricos) de ter tentado extorquir um representante da empreiteira Andrade Gutierrez em troca de favores na Comissão Mista de Orçamento. Uma comissão de sindicância recomendou a cassação do deputado. Na CCJ, o assunto está nas mãos do relator Jarbas Lima (PPB-RS), que ainda deve ouvir pelo menos 15 testemunhas antes de divulgar seu parecer. Chedid A absolvição de Marquinho Chedid foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por 35 votos a 10. A cassação havia sido pedida há oito meses pelo então corregedor-geral da Câmara, Beto Mansur (PPB-SP), hoje prefeito de Santos (SP). Em 1995, a polícia de São Paulo gravou conversas entre Luiz Buono (ligado ao bicheiro Ivo Noal) e donos de bingos, em que as extorsões supostamente praticadas pelo deputado foram descritas. Chedid teve o sigilo telefônico quebrado e a corregedoria detectou dezenas de telefonemas para os donos de bingos e para o advogado Francisco Franco Filho, que seria intermediário nas negociações. Até então, o deputado negava qualquer envolvimento com Francisco Franco. As provas não foram consideradas consistentes pelo relator do processo na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Benedito de Lyra (PFL-AL), que demorou quase oito meses para apresentar seu parecer. Iensen O caso de João Iensen nem sequer deve chegar à Comissão de Constituição e Justiça. O corregedor interino, deputado Ronaldo Perim (PMDB-MG), deve anunciar nesta semana o arquivamento do caso por falta de provas. Texto Anterior: Temer e Campos fazem 'guerra de números' Próximo Texto: Emenda permite só uma nova candidatura, dizem ministros Índice |
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