São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997 |
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Prefeitura quer mendigos varrendo ruas
ROGÉRIO GENTILE
A prefeitura ainda não tem nenhum estudo de viabilidade para a proposta dos mendigos, que será discutida na próxima quinta-feira, dia 6 de fevereiro, quando o prefeito Celso Pitta se reunir com representantes das cinco empresas responsáveis pelo recolhimento do lixo na cidade. Carlos Alberto Venturelli, diretor do Limpurb (Departamento da Limpeza Pública) e autor da proposta dos mendigos, diz que pretende colocar todos os moradores de rua nesse trabalho. Ele quer convencer as empreiteiras a contratá-los. Venturelli diz que Pitta gostou do projeto, mas não soube responder se a contratação dos mendigos seria interessante economicamente para as empresas. Para contratar os cerca de 5.300 moradores de rua (de acordo com levantamento da prefeitura), as empresas teriam de demitir funcionários que trabalham na limpeza ou aumentar o seu efetivo. Hoje, as empreiteiras têm 11.300 funcionários. Nélson Pinto Junior, gerente de contrato da CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras), diz que a idéia é boa, mas que só poderia contratar os mendigos em regime de reposição de funcionários. "A não ser que os contratos com a prefeitura sejam revistos." O gerente da empreiteira diz ainda que seria necessário que o município regularizasse a documentação dos moradores e desse a eles uma habitação. "Não podemos contratar alguém que não tenha endereço definido." Venturelli disse que "negociou" com catadores de papel que trabalham na avenida Rebouças e descobriu que eles poderiam receber o dobro do que ganham atualmente. "Por dia, eles tiram R$ 5." Um varredor, funcionário de uma empreiteira, recebe R$ 255,20 de salário e mais R$ 22,40 de insalubrid na avenida Rebouças e descobriu que eles poderiam receber o dobro do que ganham atualmente. "Por dia, eles tiram R$ 5." Um varredor, funcionário de uma empreiteira, recebe R$ 255,20 de salário e mais R$ 22,40 de insalubridas com beneficiários dos empregos revelam, entretanto, satisfação. Sabem que o salário é baixo para os padrões americanos, gostariam de ter mais direitos trabalhistas, mas dizem que, pelo menos, não são marginais e ganharam respeito da comunidade por se tornarem produtivos. Texto Anterior: NY reduz número de mendigos e melhora parque Próximo Texto: 'Brasileiro é louco para fazer nada' Índice |
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