São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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Lançada edição atual do 'Guinness Book', marco da cultura inútil

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Chega às livrarias a nova edição brasileira do "Guinness Book - O Livro dos Recordes", o mais popular manual de cultura inútil.
Presença obrigatória em salas de espera de médicos e em casas do litoral norte de São Paulo, a versão brasileira do "Guinness" difere da internacional por destacar recordes obtidos em solo pátrio.
É o livro que recolhe direitos autorais mais vendido de todos os tempos, isso é, o "Guinness" está no "Guinness". Algumas curiosidades:
Você sabia que o macho da mariposa imperador é capaz de detectar a substância sexual produzida pela fêmea virgem a 11 quilômetros de distância?
E que a melancia mais pesada do mundo tinha 118 kg e foi cultivada no Tennessee (EUA), você sabia?
Que os Beatles, com mais de 1 bilhão de discos vendidos, detêm o recorde de maior vendagem, e que "Mona Lisa", de Leonardo Da Vinci, avaliado em US$ 100 milhões, é o quadro mais valioso, você desconfiava.
As comparações O livro visa provocar uma das maiores fraquezas do leitor curioso, a comparação, um sentimento quase infantil de afirmação e compreensão de mistérios.
Começou a ser publicado em 1955, na Inglaterra, pelo grupo empresarial que fabrica a cerveja Guinness. Até junho de 96, são 79 milhões de exemplares vendidos.
A versão brasileira está na quinta edição, com uma mudança radical na diagramação e no agrupamento de assuntos -a tiragem inicial é de 60 mil exemplares.
Os telefones da editora Três, que publica a versão brasileira, não param. "Alguns telefonemas são aproveitados. O problema é que tem de haver um recorde anterior para comparação. Se um sujeito foi o único a fazer tal coisa, não entra no livro", explica Solange Costa Souza, diretora de redação.
Souza já recebeu telefonemas bizarros, como a de um homem com 25 dedos e o de um jovem que fez 650 abdominais.
Recordes brasileiros O "Guinness" não tem fiscais. Para cada prova, há um procedimento: na maioria da vezes, são necessárias duas testemunhas, uma foto ou um vídeo e material publicado na imprensa. No caso de esportes, a confirmação de uma confederação ajuda.
Alguns destaques brasileiros de 1997 são: o maior número de pessoas numa moto (47), recorde que pertence ao Batalhão da Polícia do Exército de Brasília; o maior número de romances publicados (1.046), recorde do escritor José Carlos Ryoki; a maior coleção de garrafas de uísque escocês (2.571), de Claive Vidiz.
É de um paranaense, Leandro Henrique Basseto, o tempo recorde de bicicleta sobre uma roda.
Auxiliar de escritório das Casas Bahia de Maringá (PR), Leandro diz que treinou três meses, depois de ler, na edição do livro de 95, o tempo de um inglês (5h12min).
"Me interessei. Eu tinha a chance de ser o melhor do mundo. Dobrei o tempo do cara", diz.
E mudou alguma coisa em sua vida? "Bem. Todo mundo me conhece, dou autógrafos, mas não mudou quase nada. Continuo no mesmo emprego e não recebi aumento do patrão", completa.
Brasil versus mundo O destaque da edição brasileira do "Guinness" é a presença de recordes pa-tro-pi, como a do homem mais rico do Brasil, Antônio Ermírio de Moraes, cuja fortuna é calculada em US$ 5,1 bilhões -um "riquinho", comparado ao mais rico do mundo, Sir Muda Bolkiah, cuja fortuna é estimada em US$ 37 bilhões.
O "Guinness" tem ainda algumas surpresas que derrubam mitos brasileiros. Qual o maior estádio do mundo?
Errou quem disse Maracanã. É de Praga, República Tcheca, o maior estádio, que acomodou 240 mil pessoas, enquanto no Maracanã, antes da reforma, cabiam 205 mil pessoas no sufoco.
A palavra mais extensa da língua portuguesa é "inconstitucionalissimamente"? Não. É "oftalmotorrinolaringologista" (médico de moléstias de olhos, ouvidos, nariz e garganta).
Brasília tem um recorde curioso: é de lá a avenida mais larga do mundo, o Eixo Monumental, inaugurada em 1960 -tem 250 metros de largura.
Algumas comparações são de cair o queixo. A maior biblioteca do mundo (Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington) tem 108 milhões de itens, enquanto a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a maior brasileira, tem 8 milhões.
Recordes no cinema No cinema, filão da indústria cultural que mais dinheiro gira, os números chamam a atenção.
O recorde de filme mais caro produzido (com custos atualizados) dura 35 anos e pertence ao filme "Cleópatra". Custo corrigido: US$ 175 milhões.
Elizabeth Taylor, ainda em "Cleópatra", detém o recorde de maior número de trocas de figurino em um único filme (65).
A Índia ainda é o país que mais produz filmes por ano (750), Jack Nicholson foi quem recebeu o maior cachê, incluindo porcentagem, para um filme (US$ 60 milhões, em "Batman"), e aproximadamente 300 mil figurantes participaram da cena do funeral de Ghandi, no filme de mesmo nome.
"Parque dos Dinossauros", de 1993, sustenta o recorde de maior bilheteria (US$ 913 milhões), e "A Ilha da Garganta Cortada", de 1995, filme estrelado por Geena Davis e que custou mais de US$ 100 milhões, é considerado pelo "Guinness" o maior mico do cinema: arrecadou US$ 11 milhões.

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