São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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Professora brasileira é premiada

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

A diretora Heloïsa Périssé será hoje a única brasileira premiada no Tokyo Video Festival. A videomaker carioca de 55 anos também representa sozinha o Brasil entre os 44 selecionados da mostra competitiva do festival entre 1.947 produções inscritas de 36 países.
Périssé recebe o bronze da 19ª edição do Tokyo Video Festival às 15h -4h da manhã em Brasília- por "A Inquebrável", curta-metragem que conta a história de uma menina pobre e outra rica em luta por uma boneca francesa (leia crítica abaixo). Dos brasileiros, o trabalho foi escolhido entre outros 75 vídeos.
Périssé saiu do Brasil em direção ao Japão na noite da última terça-feira, dia 28, para acompanhar a entrega dos prêmios, sem saber que seria contemplada.
A unidade brasileira da multinacional JVC, patrocinadora do evento, convidou-a para assistir a cerimônia e, assim, fazer-lhe uma "surpresa". A empresa antecipou os resultados à Folha.
Tizuka
Professora municipal aposentada, até 1993 Périssé nem sonhava dirigir um filme. Naquele ano, adquiriu uma câmera super-VHS e começou a realizar pequenos clipes independentes. Em abril de 1996, resolveu fazer um curso de produção e direção de vídeo com Tizuka Yamasaki.
"Adotada" pela cineasta, Périssé dirigiu "A Opção", vídeo de três minutos que ela classifica como um "pornô-clipe".
"A Inquebrável" é seu segundo trabalho depois das aulas com Tizuka. Filmado em quatro dias, os 23 minutos do curta em super-VHS foram editados a partir de quatro horas de gravação. A produção custou R$ 18 mil, bancados pela produtora Clip e Art.
A menina pobre é interpretada por Ludmila Dayer -a Carlota Joaquina jovem do filme de Carla Camurati. A novata Rafaela Gigante faz a menina rica. A trama do curta envolve ainda outros dois personagens, o avô bêbado da menina pobre (Hélio Ari) e sua mulher (Maria Fernanda).
O roteiro foi baseado numa história da escritora carioca Wanda Fabian, que Périssé conheceu há três anos na praia do Leme (RJ), onde mora.
Os romances de Fabian tornaram-se uma verdadeira obsessão para a videomaker, que, além deste "A Inquebrável", pretende levar ao vídeo outros três livros da escritora. "O Detector de Verdades" deve ser filmado em VHS. "Felicidade Azul" e "Evangelho da Incerteza", em película 35mm.
O próximo trabalho de Périssé deve ser finalizado em março. O roteiro de "Urubu Gelado" é dela. "É um clipe sobre o abandono num retiro de artistas, fazendo uma ligação com outros abandonos que existem no mundo", diz.
A seguir, vem "O Detector de Verdades", curta em super-VHS que promete concluir até junho.
Mas o grande projeto da ex-professora começa a acontecer no final do ano: um longa em 35mm. "Mão de Luva" conta a história da briga de duas cidades fluminenses -Cantagalo e Nova Friburgo- pela apropriação histórica de um mito do século 18, o desbravador Mão de Luva.
Internet
A entrega dos prêmios acontece no Park Tower Hall, em Tóquio, e os resultados estarão disponíveis on line na Internet. O Tokyo Video Festival pode ser acessado pelo endereço http://www.jvc-victor.co.jp/tvf/index-e.html.
O site do festival também mostra trechos animados de todos os 44 filmes da competição.

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