São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Japão tenta hoje fazer Peru negociar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do Peru, Alberto Fujimori, já está em Toronto (Canadá) para se reunir com o primeiro-ministro japonês, Ryutaro Hashimoto. O encontro de hoje servirá para os dois líderes discutirem os 46 dias de sequestro na casa de Morihisa Aoki, embaixador japonês em Lima.
Fujimori chegou ao Canadá no começo da tarde de ontem, com mais de três horas de atraso, em meio a uma tempestade de neve. O atraso não foi explicado.
Ele foi recebido pelo embaixador canadense no Peru, Anthony Vincent, um dos mediadores da crise.
Ainda há 72 reféns na casa do embaixador japonês, ocupada por terroristas do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA, de esquerda) durante uma festa.
A reunião de hoje será um exercício do premiê japonês no sentido de tentar impedir uma saída violenta para a crise. Hashimoto pediu que Fujimori faça o possível para evitar "acidentes ou incidentes" -a movimentação militar em volta da casa tem irritado os sequestradores, que já chegaram a disparar tiros contra blindados.
Fujimori voltou a dizer que não desconsidera a hipótese de uma solução militar para a crise, em vez da negociação, caso algum refém sofra agressões ou fique doente no cativeiro. Ele disse, entretanto, que só agirá com apoio de Tóquio. Fujimori acha que, se a ação ocorrer, não causará muitas mortes.
Em entrevista publicada ontem pelo diário "Corriere della Sera", da Itália, o presidente peruano pediu que o chefe dos guerrilheiros do MRTA, Nestor Cerpa Cartolini, "seja mais realista".
A principal reivindicação do grupo é a libertação de cerca de 500 companheiros presos em celas de alta segurança. Fujimori diz que essa hipótese está fora de questão, mas acena com a anistia e exílio dos autores do sequestro.
Parentes de líderes do MRTA presos disseram que eles estão sendo transferidos de presídio, em um indício de que Fujimori deve cumprir sua disposição de não libertá-los. O Instituto Nacional Penitenciário não confirmou nem negou a transferência.
Os parentes dos presos dizem que os guerrilheiros, condenados a prisão perpétua, estão agora no presídio de Challapalca (sul do país), a 5.000 metros de altitude.
A agência "France Presse" apurou que o presídio está sob guarda do Exército. Ele teria dois pavilhões e 50 celas solitárias.
Challapalca é considerada a prisão mais segura do país. Seu clima é constantemente úmido e, durante quase todo o ano, a temperatura à tarde é de -10°C.

Texto Anterior: Ex-mulher de Gucci é detida em Milão
Próximo Texto: García é condenado a 11 perpétuas nos EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.