São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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PMs são acusados de matar 13 em 90 dias

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na história da violência em São Paulo, um grupo é acusado de participar de três chacinas seguidas, na qual morreram 13 pessoas.
O grupo, chamado de "gangue da Rota" (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), é composto por cinco policiais. Estão todos presos.
São acusados também de dois assaltos a banco, um assalto a um carro que transportava dinheiro e de extorsão a traficantes.
Como Robocop
As três chacinas ocorreram em menos de 90 dias -entre 31 de dezembro de 1995 e 23 de março do ano passado.
"A matança acontecia depois que um traficante se recusava a pagar propina aos PMs", diz o delegado Jurandir Correia de Sant'Anna, da Divisão de Homicídios.
A marca do grupo seria a arma usada pelo soldado Hellmans Hoffman de Oliveira, acusado de liderar a "gangue da Rota".
Ele atuaria com uma pistola calibre 45, similar à usada por Robocop no filme homônimo.
O grupo foi descoberto graças a um sobrevivente. Amigo de um PM, foi convidado a participar dos assaltos e recusou. Levou cinco tiros. Sobreviveu e contou a história à Ouvidoria da Polícia -tinha medo de falar à polícia.
Segundo a testemunha, o grupo teria matado outras 12 pessoas entre o final de 1995 e março de 1996.
O grupo de PMs também seria ligado a um delegado e dois investigadores que extorquiam assaltantes de banco. A polícia investiga as acusações.
No caso das três chacinas, os policiais foram reconhecidos por sobreviventes de duas delas. O teste de balística também deu positivo em duas. Na terceira, não há sobreviventes nem provas.
"Eles agiam sem capuz, tinham certeza da impunidade", conta Benedito Mariano, 37, ouvidor da polícia paulista que colheu o depoimento do sobrevivente.
Chacinas praticadas por PMs são as mais difíceis de investigar, diz Sant'Anna. "É difícil encontrar provas porque os policiais conhecem os trâmites da investigação. Eles catam os cartuchos de arma automática e escondem".
(MCC)

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