São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Lattari se diz certo do retorno dos títulos

LUÍS CURRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, Radamés Lattari Filho, tem a certeza de poder realizar um bom trabalho e fazer o país voltar a ganhar títulos de cunho internacional.
No cargo desde a primeira semana deste ano, Lattari, 39, não se assusta com declarações do amigo Bebeto de Freitas (técnico do Olympikus e que vai dirigir a seleção italiana) sobre o poder de manipulação na CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).
"Não vai existir nenhuma influência técnica sobre meu trabalho, tenho certeza. Até agora, não exigiram nada", disse Lattari.
A primeira competição importante deste ano é a Liga Mundial, que começa em maio. A Liga, em 93, foi o último título importante da seleção masculina.
Em entrevista à Folha, o técnico falou sobre a relação com a direção da CBV e sobre seus planos para tornar o Brasil de novo vencedor.
*
Folha - Como fazer a seleção masculina voltar a vencer?
Radamés Lattari Filho - É difícil fazer algo de revolucionário, ainda mais porque o Zé Roberto (Guimarães, último técnico da seleção) sempre trabalhou com o que existe de mais moderno. O problema é que o vôlei de outros países evoluiu muito. Por isso, temos que trabalhar a velocidade dos jogadores. Hoje, atletas da Rússia, Holanda, Itália e até Iugoslávia estão mais rápidos do que nós.
Folha - E mais altos, também. A altura da equipe não importa?
Lattari - Sim, altura é fundamental, por isso temos que trabalhar os jogadores grandes.
Folha - Alguns jogadores que estiveram nos Jogos de Barcelona-92 e Atlanta-96 disseram que gostariam de ser dispensados da Liga Mundial, alegando cansaço...
Lattari - Olha, entendo as necessidades particulares de cada um, mas o próprio regulamento da Liga Mundial diz que cada seleção tem que utilizar, em cada jogo, pelo menos nove jogadores olímpicos. Por isso, conto com todos. E um jogador com 25, 26 anos, não pode já se sentir realizado na seleção. Não aceito isso.
Folha - Qual sua opinião sobre Carlos Arthur Nuzman (ex-presidente da CBV e atual presidente do Comitê Olímpico Brasileiro), dirigente criticado pelo seu amigo Bebeto de Freitas?
Lattari - O Nuzman teve a visão de procurar atrair as empresas para o vôlei, com objetivo de tornar os atletas profissionais. Ele tem visão empresarial, pensa no futuro. E é uma pessoa carinhosa, de muito diálogo, foi importante no salto do vôlei brasileiro. Colocou-se à disposição para colaborar comigo.
Folha - E sobre Ary da Graça Filho (atual presidente da CBV)?
Lattari - (risos) Ele só tem um defeito, a exemplo do Nuzman: torce para o Fluminense (Lattari é flamenguista). Fora isso, o Ary tem a vantagem de herdar uma CBV bem organizada pelo Nuzman. Ele conhece o vôlei, pois dirigiu grandes times, e dará um tom ainda mais empresarial à entidade.
Folha - O sr. tem algum sonho profissional?
Lattari - Meu sonho é, um dia, poder me igualar ao Zé Roberto (medalha de ouro na Olimpíada de Barcelona). Mas ficaria satisfeito em me igualar ao Bebeto (prata em Los Angeles-84).

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