São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Chileno escolhe ônibus como palco

DAVI MOLINARI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O chileno natural de Santiago Max Zuniga, 45, mora no Brasil há 20 anos.
Já cantou e tocou violão e gaita nas ruas, bares e restaurantes, mas há quatro anos decidiu batalhar num canal musical insólito: os ônibus do circuito Paraíso-Consolação.
Zuniga escolhe os ônibus em que entra. Uma de suas linhas preferidas, por exemplo, é a Lapa-Vila Mariana.
Ele também evita os ônibus em que o motor fica na parte de trás e os que têm sistema de alto-falantes, que acabam impedindo a atenção do público.
*
Folha - Por que você prefere tocar dentro dos ônibus?
Max Zuniga - Porque na rua não tem acústica. O som que faço não se ouve direito, porque se perde. Além disso, dentro dos ônibus eu descontraio os passageiros que têm o dia corrido, cheio de atividades.
O ambiente é agradável e eu consigo garantir um mínimo de colaborações por dia.
Folha - Quanto?
Zuniga - Se o dia estiver bom, até R$ 35.
Folha - Isso em quantas horas? Zuniga - Das 10h até as 21h.
Folha - Que tipo de música você toca?
Zuniga - Toco música internacional, latino-americana, boleros, Bob Dylan, John Lennon e MPB.
Folha - E como os passageiros recebem você?
Zuniga - Realmente, posso falar que tenho 90% de boa receptividade do público. Poucos se queixam ou não gostam.
Folha - Já fez isso no Chile?
Zuniga - Não. Escolhi por esse caminho em São Paulo. Aqui o processo musical de gravadoras e rádios é meio fechado. Você é obrigado a buscar canais próprios de divulgação.
Folha - Como foi a primeira vez que você tocou num coletivo?
Zuniga - Foi em fevereiro de 93. Eu tinha um amigo que já fazia isso e que me convidou para acompanhá-lo. Subi e achei interessante em matéria de público e colaboração. Aproveito para promover minha fita e meu CD.
Folha - Quais instrumentos você toca nos ônibus?
Zuniga - Violão, gaita e canto. São instrumentos com boa acústica para você fazer um trabalho mais expansivo.
Folha - Os motoristas já reconhecem você?
Zuniga - Sim. Apesar de não terem nenhuma relação com a música, me apóiam muito. Mesmo correndo o risco de serem pegos pela fiscalização, permitem que eu entre de graça.
(DM)

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