São Paulo, domingo, 2 de fevereiro de 1997
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Para autor, 'sem amor não há novela'

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Autores de novelas afirmam se apropriar do mito Cinderela apenas para garantir o alicerce das tramas. Sob o lema "sem história de amor não existe novela", eles dizem recorrer à fórmula para discutir assuntos mais sérios.
"A Luana (Patrícia Pillar) não é apenas uma mulher pobre que se relaciona com um homem rico. Resolvi seguir esse caminho para tratar de valores. Ela prefere ficar sem nada do que compartilhar do ódio entre os Mezenga e os Berdinazzi", diz Benedito Ruy Barbosa, autor da novela "O Rei do Gado".
Regras
Barbosa ressalta que, quando o autor tenta fugir das regras do folhetim, o público não aprova. "Quando recebo os resultados das pesquisas realizadas pela Globo com o telespectador, percebo que eles querem sempre a mesma coisa. Só pedem para fulano casar com beltrano."
Maria Carmem Barbosa, que escreve "Salsa e Merengue" em parceria com Miguel Falabella, diz que a novela não vende a "questão Cinderela" como padrão de comportamento, mas sim "como padrão discutível de comportamento".
A "gata borralheira" da trama das sete é a tecelã Madalena (Patrícia França), que precisa se decidir entre o riquinho Eugênio (Marcello Antony) e o batalhador Valentim (Marcos Palmeira), dono de uma auto-escola.
"Estamos explorando a relação de Madalena com os dois para mostrar as diferenças. É claro que os prêmios do lado abastado são sempre maiores. O que conta é a dignidade dela", conta a autora.
Walter Negrão, autor de "Anjo de Mim", revela que a ascensão de Lavínia (Vivianne Pasmanter), a Cinderela da trama das seis, será mais cultural do que financeira. "Ela até pode se casar com Nando (Márcio Garcia), que tem dinheiro e pode lhe oferecer uma vida boa. Mas sua fome é de aprender", diz Negrão.
O currículo do autor conta com a novela "Cinderela 77", uma adaptação da clássica fábula para a teledramaturgia.
Nessa produção, exibida pela extinta TV Tupi (1977), Vanusa interpretava a "gata borralheira" enquanto Ronnie Von fazia o papel do príncipe.
"Na verdade, novela não passa de uma história em que duas pessoas querem ficar juntas e o resto fica só empatando. Nós tentamos mudar, mas é disso mesmo que o público gosta", comenta Negrão.

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