São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Eleição dos metalúrgicos vira referendo

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A chapa 1, encabeçada por Paulinho, é a única a concorrer nas eleições. Isso não acontece desde 1972, quando Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, dirigente histórico dos metalúrgicos de São Paulo, completava sete dos 20 anos em que presidiu o sindicato.
Na verdade, Paulinho não será reeleito. Ele assumiu o cargo em 1994, no lugar de Luiz Antônio de Medeiros, que saiu para disputar o governo do Estado. É a primeira vez que disputa a presidência do sindicato.
'Concorrência virtual'
Mesmo sem concorrentes, a chapa 1 trabalha como se eles existissem. Está gastando R$ 250 mil na campanha -dinheiro que, segundo a chapa, saiu de uma caixinha de campanha que vem sendo feita há quatro anos.
"Queremos o apoio maciço da categoria", afirma.
Além dos gastos da chapa, o sindicato vai desembolsar R$ 500 mil na organização das eleições. Boa parte do dinheiro será usada no transporte das 117 urnas, que percorrerão cerca de 1.200 empresas na capital.
O fato de uma única chapa disputar as eleições dá uma falsa impressão de unidade aos metalúrgicos de São Paulo.
Paulinho só concorre sozinho porque a CUT (Central Única dos Trabalhadores) desistiu de lançar uma chapa e porque seus adversários dentro do próprio sindicato estão tendo problemas com a Justiça.
É o caso de João de Souza Neto, o João da Ford, um dos diretores do sindicato, acusado de tentar assassinar Paulinho no final do ano passado.
O suposto atentado foi revelado pelo segurança do sindicato dos trabalhadores em alimentação, Alan Lady Lima de Menezes, que teria sido contratado por João da Ford para matar Paulinho.
Menezes, conhecido como "Oncinha", foi assassinado pouco tempo depois, em 26 de dezembro. A polícia ainda está investigando o caso.
João da Ford acusa Paulinho de armar o atentado para afastá-lo da disputa eleitoral. Já Paulinho evita comentar o caso: "Deixo para a polícia".
Briga pelo poder
O suposto plano -sendo verdadeiro ou uma encenação- revela a que ponto chega a briga pelo poder nos metalúrgicos.
O sindicato é um dos maiores do país. Possui um orçamento anual de R$ 40 milhões, patrimônio avaliado em cerca de R$ 100 milhões e controla uma base de 310 mil metalúrgicos.
Paulinho, no entanto, diz não estar preocupado com a possibilidade de sofrer um atentado.
Segundo ele, o clima entre os metalúrgicos está tranquilo e as eleições devem ser calmas. A divulgação do resultado está prevista para sexta-feira.

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