São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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O McDonald's e a paz mundial

MARCELO CHERTO

Thomas Friedman, colunista de relações internacionais do "The New York Times", desenvolveu uma teoria interessante a respeito da possível influência do McDonald's na manutenção da paz entre as nações.
Segundo ele, nunca houve uma guerra entre duas nações que tivessem, à época, pelo menos uma loja McDonald's em funcionamento no território de cada uma. Mesmo a guerra entre a Inglaterra e a Argentina, em disputa pelas ilhas Malvinas, ocorreu quatro anos antes da inauguração do primeiro McDonald's portenho.
Guerras civis não contam. Em 1993, quando ocorreram os conflitos entre as forças pró e contra Ieltsin, o restaurante situado em Moscou continuou servindo as duas facções, sem discriminação.
Se a teoria estiver correta, diminuíram as chances de novos conflitos entre árabes e judeus. Israel agora tem McDonald's kosher, a Arábia Saudita tem lojas que fecham para orações cinco vezes por dia, o Egito já tem quase 20 lojas e a Jordânia acaba de ver inaugurada a sua primeira.
Segundo Friedman, o front sírio deve ser observado com cuidado, já que não há McDonald's em Damasco. E a situação entre a Índia e o Paquistão também preocupa, pois a rede ainda não chegou ao último.
Na Índia já existem lojas, que, para estar de acordo com os costumes do país, não servem refeições com carne. Como será um sanduíche Big Mac vegetariano?
É evidente que o simples fato de hospedar uma lanchonete não reduz o potencial de envolvimento em conflitos de um determinado país.
O mais provável é que o próprio ingresso do McDonald's num país seja um reflexo de sua integração numa economia global e de sua disposição de aceitar as regras impostas. Mas, como já disse Shakespeare, "há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode sonhar nossa vã filosofia".

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