São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Collor diz que tenta Presidência em 2002

PATRICIA ZORZAN

PATRICIA ZORZAN; EDIANA BALLERONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-presidente nega que seja proprietário de casa em Miami avaliada em pelo menos US$ 2 milhões

O ex-presidente Fernando Collor de Mello afirmou ontem à Folha que é candidato à Presidência da República em 2002, negou que seja o proprietário de casa em Miami -avaliada em pelo menos US$ 2 milhões- e disse que a tentativa de atribuir a ele a propriedade do imóvel teve a finalidade de "jogar uma cortina de fumaça" para "abafar" o que chamou de "o escândalo" da reeleição.
Na sexta-feira, o "Jornal Nacional" (Rede Globo) divulgou que Collor poderia ser o dono de casa em construção no condomínio de Ibis Golf & Country Club, ao norte de Palm Beach, Miami.
Uma placa em frente à obra indica que a propriedade pertence ao embaixador Marcos Coimbra, cunhado de Collor.
Segundo a reportagem da Rede Globo, pessoas ligadas ao ex-presidente afirmam que ele visita a obra duas vezes por semana. Um segurança do condomínio teria dito que conhece Collor.
O ex-presidente afirmou que esteve no local apenas duas vezes, a última, há mais de um ano.
"Percebi, desde a semana passada, uma notas plantadas. Não sei com que finalidade, se para tentar abafar o escândalo dessa aprovação da reeleição, não sei se tentando, por outras maneiras, jogar uma cortina de fumaça em torno de alguma coisa", declarou.
Candidato
Ele não citou nominalmente o presidente Fernando Henrique como um dos beneficiados. "Não estou colocando nomes. Que serviu de cortina de fumaça para alguma coisa, não tenho dúvida. Mas não estou nominando A, B ou C nem F nem H nem C."
O ex-presidente ainda declarou não saber se a "cortina de fumaça" poderia ser uma reação a sua volta à política.
"Não há porque ter medo. Se eles têm respeito pelas urnas, e estamos vivendo em um processo democrático, não se deve ter medo da urna. Só pode ter medo de urna quem tem consciência pesada e sabe que as urnas não lhes ouvirão, quando solicitadas para isso."
Com seus direitos políticos cassados até 2002, Collor se disse disposto a disputar a Presidência assim que a suspensão terminar.
"Sem dúvida nenhuma serei candidato para retomar o mandato que me foi dado pelo povo e me foi tomado por um golpe civil. Pretendo colocar o meu nome ao julgamento popular. O julgamento será definitivo no sentido de mostrar tudo aquilo que foi feito com um presidente eleito. Foi um farsa e um golpe civil dado por aqueles que representavam, não sei se ainda representam, os interesses contrariados pela abertura econômica que eu promovi no país."
O assessor de imprensa de Collor, Rony Curvello, afirmou que a única casa que o ex-presidente possui nos EUA é a residência localizada em Bal Harbour (Miami), adquirida com financiamento de 30 anos e avaliada pelo mercado em cerca de US$ 2 milhões.

Colaborou Ediana Balleroni, de Miami

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