São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Emboscada mata 2 em área de conflito

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O gerente e um vaqueiro da fazenda Rio das Rãs, em Bom Jesus da Lapa (905 km de Salvador), -Lorivaldo Pereira dos Santos, 40, e Adroaldo Cardoso, 42-, foram mortos em emboscada por volta das 23h de anteontem.
O caseiro da fazenda, Edvaldo de Souza, 38, que acompanhava as duas vítimas, foi ferido com dois tiros no peito.
O delegado de Bom Jesus da Lapa, Carlos Henrique Coelho Santos, disse que os dois funcionários da fazenda foram mortos a tiros.
"Lorivaldo Pereira dos Santos foi atingido com oito tiros e Adroaldo Cardoso com três". Até a tarde de ontem o delegado ainda não tinha nenhuma pista dos assassinos.
Segundo Carlos Henrique Santos, 12 pessoas teriam participado da emboscada. "Foram quatro homens, quatro mulheres e quatro crianças que estavam disfarçadas com roupas de ciganos nas imediações da fazenda."
O delegado disse que os funcionários chegavam à fazenda em uma camionete quando foram surpreendidos. "Um dos funcionários estava armado, mas não teve tempo de reagir."
O delegado disse que vai aguardar o restabelecimento de Edvaldo de Souza para fazer um completo levantamento do crime.
A fazenda Rio das Rãs está localizada em uma área de conflitos. Há dois anos a fazenda foi ocupada por cerca de 400 posseiros. A fazenda possui cerca de 50 mil hectares, dos quais 24 mil estão em processo de desapropriação.
A secretária do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Jesus da Lapa, Cleonice Maria da Conceição, disse que os conflitos entre quilombos (descendentes dos escravos) e proprietários de fazendas são comuns na região.
"Existem pessoas que moram há mais de 60 anos na área da fazenda Rio das Rãs e que estão ameaçadas de expulsão pelo proprietário."
A Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) da Bahia não acredita na versão de conflito entre posseiros e trabalhadores da fazenda.
Segundo a Fetag, pistoleiros contratados pelo proprietário da fazenda para expulsar os invasores teriam se confundido.
O secretário da Fetag, Wilson Martins Furtado, disse que não há indícios de participação de sem-terra.

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