São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Anselm Kiefer cai no samba e pede bis

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O artista plástico alemão Anselm Kiefer caiu no samba, gostou e pediu para repetir a dose. A seu pedido, o jantar promovido em sua homenagem no MAM-SP foi recheado com um desfile de uma das alas da escola de samba Vai Vai.
Kiefer não chegou a dançar, apesar da obstinação das passistas, mas insistiu com o galerista Marcantonio Vilaça para que fossem no dia seguinte, anteontem à noite, ver o ensaio da escola, no bairro da Bela Vista. Tal qual um simples e mortal turista, tirou muitas fotos, embora tenha se decepcionado com a ausência das fantasias.
Kiefer, que já esteve na cidade, há dez anos, quando expôs na 19ª edição da Bienal, não deu entrevistas, mas não se negou a conversar informalmente com os jornalistas e convidados presentes, contrariando assim sua fama de artista inacessível.
O artista se disse "fascinado com a relação do homem com as escalas gigantescas da cidade". A grandiosidade de São Paulo causou grande influência na obra do artista.
Durante sua primeira visita à cidade, fez uma série de fotografias do alto do edifício Terraço Itália. A partir dessas fotografias, realizou uma série de pinturas, algumas delas já vendidas para grandes museus do mundo, como a Tate Gallery, em Londres.
Kiefer confirmou as duas mostras já anunciadas para a cidade em 1998: uma na galeria Camargo Vilaça e outra no Museu de Arte Moderna (MAM-SP). A galeria torna-se assim representante exclusiva do artista para toda a América Latina.
Kiefer vai apresentar na galeria uma tela de cerca de 8 metros de altura ainda em confecção, três telas menores (cerca de 2 m cada), 2 livros e dois desenhos. No MAM, deve fazer uma retrospectiva, em que entrariam alguns trabalhos que têm a cidade como referência.
Mais detalhes devem ser acertados ainda no primeiro semestre deste ano, depois da visita de Marcantonio Vilaça e Tadeu Chiarelli, curador do MAM, a Paris e Barjac, onde o artista mantém sua casa e atelier, em uma antiga fábrica de seda. As mostras estão programadas para abril ou maio de 1998.
Em sua passagem pelo Brasil, Kiefer esteve sempre acompanhado por sua mulher, a austríaca Renate Gras, e pelo curador mexicano Robert Littman, do Museu de Arte Contemporânea do México. Littman aproveitou a passagem pelo país para acertar a participação de vários artistas brasileiros em uma grande mostra em seu museu ainda este ano.
Kiefer fez questão de rever a cidade do alto, mas desta vez preferiu o conforto de um helicóptero, com o qual sobrevoou, na tarde de anteontem, pontos como o edifício da Bienal, o prédio Copan (centro da cidade) e as regiões da av. Paulista e do Morumbi
(CF)

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