São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Safra ganha mais R$ 1 bilhão com CPMF

DA REPORTAGEM LOCAL

Com a entrada em vigor da CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira), a agricultura ganhará um crédito extra entre R$ 700 mil e R$ 1 bilhão, segundo cálculos da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).
Pelas normas atuais os bancos são obrigados a destinar 25% do saldo dos depósitos à vista para financiamentos rurais.
Com a CPMF, espera-se um acréscimo de R$ 4 bilhões nessa conta.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu, no último dia 22 de janeiro, não vincular o aporte adicional às regras do crédito rural, deixando os bancos livres para aplicar esses recursos.
As normas do crédito rural limitam os financiamentos a R$ 30 mil por agricultor.
A resolução do CMN deve vigorar até junho próximo, quando será revista pelo governo.
Comercialização
O saldo das exigibilidades bancárias em dezembro do ano passado foi de cerca de R$ 2,7 bilhões, segundo o Banco Central.
Esse será o valor de referência para a nova carteira.
Ou seja, se houver um aumento de R$ 1 bilhão nas exigibilidades em relação a dezembro de 96, em função do crescimento dos depósitos à vista, os bancos poderão aplicar esse valor para financiar a comercialização dos produtos agrícolas que considerarem mais rentáveis.
"Ainda não sabemos ao certo qual será o aporte adicional das exigibilidades, mas o valor será aplicado basicamente na comercialização dos produtos que começarão a ser colhidos em março, como milho, algodão, trigo, arroz e soja", afirma Ozias Costa, diretor da área de crédito rural da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos).
A taxa de juros desses financiamentos será de 12% ao ano.
Segundo a Febraban, esses recursos adicionais devem desafogar o governo na área de comercialização da safra.
"A nossa avaliação prévia da decisão do conselho era pessimista, hoje é relativa", afirma Antonio Donizeti Beraldo, chefe da área técnica da CNA.
Beraldo afirma que se os recursos forem de fato destinados à comercialização, o governo não precisará alocar recursos de outras fontes para esse fim.
Diminuição de recursos
Beraldo salienta que a proposta orçamentária para agricultura deste ano, que será votada pelo Congresso, é de R$ 1,2 bilhão, 43% menor do que os recursos destinados em 96.
"Isso significa que o governo terá menos condições de assegurar os preços mínimos dos produtos agrícolas", afirma.
Em 96, foram destinados R$ 2,17 bilhões.

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