São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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ACM vence no Senado e promete acelerar reformas

MARTA SALOMON
RAQUEL ULHÔA

MARTA SALOMON; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Vou cooperar o máximo com o governo", diz o senador baiano

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) tomou posse ontem na presidência do Senado com o compromisso de acelerar as reformas constitucionais, inclusive a emenda da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Vou cooperar o máximo com o governo, mas isso não significa que o Executivo vai fazer o que quiser aqui dentro", disse ACM, que prometeu adotar um estilo próprio para comandar o Senado.
O novo presidente foi eleito por 52 votos contra 28 dados ao candidato do PMDB, Iris Rezende (GO), e 1 voto em branco. O placar só foi possível graças a pelo menos cinco "traições" na bancada do PMDB e do bloco da oposição.
"Não é preciso ser nenhum Oswald de Souza (matemático) para saber que tive votos no PMDB e na oposição", contabilizou ACM.
"Com o voto secreto, fica difícil descobrir quem foi, mas seguramente houve traição no PMDB e na oposição", disse o líder do PMDB, Jader Barbalho.
O líder do PT, José Eduardo Dutra (SE), defendeu o fim das votações secretas no Congresso.
À saída do plenário, ACM foi cumprimentado, por telefone, por FHC. "Agradeci a maneira isenta, mas simpática, com que ele viu minha candidatura", disse ACM.
FHC disse, por meio de seu porta-voz, Sergio Amaral, que espera manter com ACM o bom relacionamento que tinha com seu antecessor, José Sarney (PMDB-AP).
"O presidente está certo de que encontrará no senador Antonio Carlos o apoio necessário para a continuidade e aceleração das reformas", disse Amaral.
Segundo ele, FHC disse que ficaria satisfeito qualquer que fosse o resultado da eleição para a Presidência do Senado. FHC telefonou para ACM logo que o resultado foi proclamado para "transmitir os parabéns". ACM esteve no Planalto uma hora depois de empossado.
O resultado da eleição no Senado favorecerá a candidatura de Michel Temer (SP) na disputa de hoje pela presidência da Câmara. Tanto a eleição de ACM como a de Temer são defendidas pelo governo.
Para evitar que os eleitores dos dois candidatos fossem identificados, a direção do Senado mandou triturar as 81 cédulas de votação após o anúncio do resultado.
Antes disso, Iris Rezende fez o primeiro gesto de aproximação com ACM. Anunciado o 41º voto do adversário, Iris foi cumprimentá-lo: "Não tenho o direito de guardar mágoa, uma vez que a eleição foi limpa e transparente".
Ontem mesmo o vencedor tratou de colocar em prática o "estilo ACM" de administrar. "Vamos conviver bem com todos, mas claro que não posso deixar de ser grato aos que me elegeram", disse.

LEIA EDITORIAL sobre a vitória do senador Antonio Carlos Magalhães à pág. 1-2

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