São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Menosprezo

THALES DE MENEZES

Os tenistas brasileiros fazem muito bem ao minimizar a troca na escalação da equipe dos EUA. É a melhor postura tática, psicologicamente falando. Mas, falando sério, é inegável que a coisa mudou de figura. Muito pouco, mas mudou.
Davis é um tipo de torneio único. São jogos longos, diante de torcidas normalmente inquietas, nos quais o tenista ouve conselhos de seu técnico nos intervalos entre os games.
Todas essas circunstâncias já provocaram desempenhos extemporâneos de grande tenistas. O australiano Roy Emerson, um dos maiores da década de 60, afirmou que nunca jogou na Davis o mesmo tênis que mostrava no circuito. Se a Davis pode afetar uma lenda como Emerson, por que não um tenista como MaliVai Washington?
Sou mais um Agassi destreinado do que seu substituto em plena forma. Pena que o astro de Las Vegas não teve vontade de viajar ao Brasil -e foi pura falta de vontade mesmo, total menosprezo ao adversário.
Essa atitude muitas vezes já custou caro aos EUA. É só pegar a tabela de campeões da Davis neste século de torneio.
Embora os EUA detenham o maior número de títulos (31), nos últimos anos o país nunca conseguiu ganhar duas vezes seguidas o troféu. É a "síndrome do menosprezo".
Campeões no ano anterior, os EUA ficam com o rei na barriga e mandam uma equipe de segunda categoria para a primeira rodada do torneio. Guardam suas estrelas do "top ten" do ranking mundial para os confrontos seguintes.
No entanto, às vezes esses futuros confrontos nem acontecem. Nesta década, a equipe dos EUA já sucumbiu em rodadas iniciais diante de França e Austrália, países sem a mínima condição de vencer a primeira força norte-americana.
As chances do Brasil aumentaram. Vencer ainda é sonhar, mas a luz no fim do túnel está mais forte.

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