São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997 |
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Itamar Assumpção estréia novo repertório
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
"Depois do Ataulfo parece que é isso: vou voltando à minha aos poucos, retomando minha linguagem, agora um pouco mais consciente das canções", afirma o músico, que desta vez vem só com voz, violão, barba e cavanhaque. O disco dedicado a Ataulfo representou trégua na profusão de novas composições -um ano antes, ele tinha lançado a trilogia "Bicho de Sete Cabeças" (33 músicas inéditas de uma só vez). Representou também, como ele diz, tomada de consciência. "Alguém como o Ataulfo deixar canções que a gente ainda fica cantando é contraste absoluto com essa velocidade de hoje. Veja o Chico Science", afirma, referindo-se ao músico pernambucano morto precocemente no domingo. Europa A inspiração para parte do novo lote, que apresenta hoje pela primeira vez no Supremo Musical, ele encontrou na Europa, por onde excursionou em 96 mostrando sua releitura de Ataulfo Alves. Daí surgiu, por exemplo, "Banzo" (leia trecho acima), inspirada pelo rio Sena e pela saudade do Brasil (banzo é termo usado para designar a nostalgia dos negros escravizados de sua África natal). Outra dessa safra é "Je T'Aime Mais que o Jeróme", novo experimento de intercâmbio de línguas de Itamar -desta vez, ele mistura português e francês. Segundo o artista, a ausência de canções mais conhecidas no show não é problema. "Meu público não tem essa ansiedade. Se tem, é por ouvir coisas novas. Claro que o repertório inédito é tenso para mim. Qualquer coisa, soco um Ataulfo e livro minha cara." Mas a idéia mesmo é "apresentar minha produção para o próximo CD". Parte da produção permanece guardada -foi composta sob encomenda para Ney Matogrosso, que planeja gravar um disco só com canções de Itamar. Massa Quanto ao próximo CD, Itamar se vê de novo às voltas com a luta entre mercado e artista independente -rescindiu contrato com a Paradoxx, segundo a gravadora porque as vendas do último disco não atingiram as expectativas. "Cantando em Paris e na Alemanha, fico vendo que na Europa há uma forma diferente de ver cultura. No Brasil, a preocupação é com o mercado de massa. Fico isolado nessa imensidão que é São Paulo e acabo fazendo um som que é tipo exportação." É o que a cidade tem mais uma vez a oportunidade de usufruir. Texto Anterior: Jackson nega plágio na Itália Próximo Texto: INÉDITAS Índice |
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