São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líder assumiu sindicato de SP em 1965

DENISE ELIAS
DO BANCO DE DADOS

O ex-líder sindical Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, foi um dos nomes mais importantes na história do sindicalismo brasileiro.
Joaquinzão assumiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o maior da América Latina, em 1965, como interventor.
Permaneceu no comando do sindicato por 22 anos. Em 1986, pediu licença para presidir a recém-criada CGT (Central Geral dos Trabalhadores), onde ficou até 1991.
Além da atividade sindical, Joaquinzão teve também participação no Legislativo.
Foi segundo suplente do então senador Mário Covas (1986-1994), mas não chegou a assumir o posto durante o mandato.
'Pelego'
Sua postura em relação aos patrões fez com que fosse considerado "pelego" por alguns colegas do meio sindical.
Entre os atos que reforçaram esta imagem está o fato de ter engrossado a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", comandada pela TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), marco da direita brasileira.
Seus desentendimentos com Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de honra do PT, tornaram-se históricos.
Foram vários os atritos públicos entre os dois quando o país passava pelo período de redemocratização.
Por não frequentar as portas de fábricas, foi alvo de muitas críticas. Durante sua gestão, o sindicato enfrentou um de seus momentos políticos mais sensíveis.
Além do sindicalismo, Joaquinzão teve ligações com alguns partidos políticos. Na década de 60, pertenceu ao Partido Operário Trabalhista; de 1983 a 1985 esteve no PTB, de onde saiu para ingressar no PMDB.
Embora nunca tenha sido filiado ao PC do B, suas ligações com esse partido sempre foram conhecidas entre outros sindicalistas.
Joaquinzão rebatia os que o chamavam de "traidor", "amarelo" e "pelego" dizendo: "Esse é um velho adjetivo de antes de 1964. Trata-se da manta que absorve o atrito entre o cavalgador e a cavalgadura."
Joaquinzão morreu sem recursos e abandonado pela família. Vivia em um asilo na periferia de São Paulo até menos de uma mês antes de sua morte, quando foi transferido.

Texto Anterior: Joaquinzão morre aos 70 por insuficiência respiratória
Próximo Texto: Governo ficará com 50% do que for descoberto em Carajás
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.