São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Registros de casos de Aids sobem 39%

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de pacientes com Aids registrados até dezembro no Brasil superou em 38,9% as expectativas do Ministério da Saúde. Em vez dos 36 mil esperados, eram 50 mil.
Avalia-se no ministério que, com o anúncio de distribuição gratuita do coquetel no ano passado, muitos portadores de Aids que escondiam a doença passaram a procurar a rede pública para se cadastrar, aumentando a notificação.
"Ninguém esperava que houvesse tantos casos sem notificação. Muitos pacientes que se tratavam com médicos particulares e não notificavam a doença para as autoridades sanitárias tiveram de se identificar", afirma Pedro Chequer, coordenador do Programa Nacional de DST/Aids.
Devido ao fenômeno, o Ministério da Saúde teve de dobrar a compra de medicamentos anti-HIV em 1997, em uma operação de emergência para poder atender pacientes de Aids que precisam do coquetel.
Com isso, em vez de 10 mil doentes, 20 mil pacientes de Aids passarão a receber a terapia tripla -um coquetel de remédios que inclui o AZT combinado ao ddI, ddC ou 3TC, além de um dos três tipos de anti-retrovirais (Indinavir, Saquinavir ou Ritonavir).
Aumento
Em alguns municípios de São Paulo os casos notificados em 1996 aumentaram mais de 30%. "Tivemos de rever todo o planejamento", diz Chequer.
No ano passado, o ministério havia calculado que o país teria neste ano 36 mil pessoas vivendo com Aids e que 30% delas deveriam receber o coquetel de anti-retrovirais.
Entretanto, o último boletim epidemiológico -que traz os casos notificados até dezembro de 96- apontava que havia 50 mil brasileiros vivendo com Aids.
"Se as notificações continuarem aumentando acima das nossa expectativas, teremos de rever os cálculos novamente", diz Chequer.
Outros motivos que obrigaram o ministério a dobrar a compra foram as mandados judiciais que obrigaram os Estados a fornecer medicamentos a pacientes fora das especificações preestabelecidas.
Verba suplementar
Para que os remédios não faltem, o estoque que foi comprado para durar até dezembro de 97 será distribuído aos Estados imediatamente e deverão durar até julho.
O ministério já está providenciando a compra dos novos remédios que serão usados a partir de julho. Para isso, espera verba suplementar que seria liberada pelo governo federal.
Para 1998, os gastos com a compra dos medicamentos anti-HIV terá de passar de R$ 240 milhões para R$ 700 milhões.
Continuidade
Segundo Chequer, o ministro Carlos Albuquerque (Saúde) garantiu que não haverá cortes no orçamento do programa para compra de remédios.
Os pacientes que começam a tomar o coquetel de anti-retrovirais não podem interromper o tratamento -a menos que por determinação médica. Se isso acontecer, podem criar a essas drogas e inviabilizar qualquer forma de tratamento.

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