São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Kolynos deve ficar fora do mercado até acabarem os estoques

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O creme dental Kolynos deve sumir das prateleiras dentro de seis meses e permanecer fora do mercado por quatro anos, segundo proposta entregue pela Colgate-Palmolive ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Para ocupar o lugar da Kolynos, a Colgate está comprando outro laboratório de cremes dentais e pretende lançar uma nova marca.
A suspensão da marca foi a opção que a Colgate escolheu, dentre as três oferecidas pelo Cade, para permanecer com a Kolynos.
Em 95, a Colgate pagou US$ 1,04 bilhão pelos negócios da Kolynos em 14 países. No Brasil, as empresas passaram a dominar 78,8% do mercado de cremes dentais.
Em setembro último, o Cade impôs restrições à operação porque entendeu que a concentração de 78,8% impediria que novos concorrentes entrassem no mercado.
O Cade é um órgão de defesa da concorrência, e tem poder para impor restrições a compras de empresas que resultem em domínio acima de 20% de mercado.
O órgão deu três opções à Colgate: vender a Kolynos para terceiros, licenciar a marca por 20 anos ou suspender seu uso por quatro anos. Ao optar pela suspensão da marca, a Colgate pediu seis meses de carência para queimar estoques e cumprir compromissos.
A proposta deve ainda passar pelo plenário do Cade. A Folha apurou que a relatora do caso, conselheira Lúcia Helena Salgado, considera razoável o prazo de carência. Quando a Kolynos desaparecer, deverá ser iniciada uma disputa entre a Colgate e suas concorrentes para ocupar o vazio. A Kolynos é líder do mercado, com fatia de 52,2%.
A Colgate já saiu à luta. A Folha apurou que a empresa está comprando um laboratório e quer lançar uma nova marca.
Pela proposta entregue ao Cade, a Colgate não pretende lançar mão, pelo menos por hora, de uma alternativa aberta pelo próprio conselho que permite usar o nome Kolynos associado a outras marcas. Se quisesse, a Colgate poderia, por exemplo, lançar um produto com o nome de um supermercado e a marca Kolynos.
Ao escolher a suspensão da marca, a Colgate será obrigada a "ajudar" seus concorrentes a preencher o vácuo de 52,2% que vai aparecer no mercado.
A empresa deverá colocar à disposição dos concorrentes, por meio de oferta pública, parte da capacidade produtiva da Kolynos.
As concorrentes da Colgate vão poder assinar contratos para comprar 14 toneladas de cremes dentais das antigas fábricas da Kolynos. Esse número representa 20% da produção do país.
Assim, o antigo creme Kolynos poderá ser comprado na embalagem de outras companhias, como uma rede de supermercados.
Outra possibilidade é um pequeno laboratório entregar uma nova fórmula à Colgate e encomendar sua produção de cremes dentais.

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