São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997 |
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Venda inclui Corpo Alemão
CHICO SANTOS
Segundo Eduardo Gazolla, da Secretaria Técnica da presidência da Vale, Corpo Alemão já é parte de um contrato pelo qual o governo, via BNDES, detém um terço dos direitos de exploração mineral. Ou seja, quem comprar a Vale fica com a jazida de Corpo Alemão -menos a terça parte que pertence ao governo. Gazolla disse isso em entrevista conjunta com José Pio Borges, vice-presidente e diretor do BNDES para a área de desestatização. Borges ainda tentou dizer que uma parte de Corpo Alemão estaria fora da área do contrato, mas Gazolla o convenceu do contrário. Segundo explicou Gazolla, Corpo Alemão é parte do conjunto da mina de Igarapé-Bahia, também em Carajás, já em fase de exploração pela Vale. Por ter participado dos investimentos para a exploração da mina, o BNDES recebe um terço do valor da sua produção, que é de dez toneladas ao ano. Igarapé-Bahia tem ainda 70 toneladas de ouro a serem extraídas. Mas a área de Corpo Alemão, anexa a ela, tem cerca de 500 toneladas do mineral, segundo estimativa feita pelo geólogo Roberto Assad, consultor da Vale. Anteontem, o CND (Conselho Nacional de Desestatização) decidiu que todas as áreas da Vale potencialmente ricas em minérios mas ainda não avaliadas teriam um tratamento à parte na privatização. Elas serão objeto de um "contrato de risco" entre a Vale e o BNDES, pelo qual as duas partes se obrigam a investir na pesquisa e posterior exploração do minério, cabendo metade do faturamento a cada um. Essa fórmula, sugerida pela direção da Vale, resolveria o problema de como vender a empresa sem incluir no preço riquezas potenciais muito grandes mas ainda não devidamente calculadas. Segundo Borges e Gazolla, as áreas que serão objeto do contrato de risco são Serra Leste e a Serra dos Carajás propriamente dita, exceto aqueles trechos que já são objeto de contrato entre a Vale e o BNDES. Descobertas remotas Foi decidido também que, para os casos de descobertas ainda remotas e para a exploração de minério de ferro que exceder a 3 bilhões de toneladas, os novos donos da Vale pagarão royalties (direitos de propriedade) à União. Para ouro, os royalties serão de 2,5% do faturamento líquido; para o minério de ferro, de 1,8%; e para outros minérios, de 1%. No caso de Corpo Alemão, além da parte que cabe ao BNDES, a União terá também direito aos 2,5% de royalties. Nas áreas de contrato de risco, a parte dos donos da Vale será maior que a do governo, pois eles terão direito a um "finders fee" (taxa do descobridor), porque as jazidas terão sido encontradas pela empresa. Texto Anterior: Vale tenta dimensionar jazidas de ouro Próximo Texto: Empregado agora terá desconto Índice |
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