São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997
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'Não tenho nada com isso', afirma advogado

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado civil Carlos Alberto Mauro, 49, disse que já não era dono da Portfolio Metais Indústria e Comércio quando a empresa se envolveu em negócios que teriam causado prejuízo de R$ 8,396 milhões à Prefeitura de São Paulo.
"Não tenho nada com isso, só posso lhe garantir que não fui eu", dizia, andando de um lado para o outro na sala de seu apartamento.
A Portfolio é arrolada pelo Banco Central entre as empresas "laranjas" supostamente usadas por corretoras para disfarçar lucros obtidos com a venda de títulos da prefeitura paulistana.
Segundo cadastro da Junta Comercial de São Paulo, Mauro e sua mulher, Elena Emilia, foram donos da Portfolio de 18/3/93 a 17/1/96. As operações consideradas irregulares aconteceram de agosto de 94 a dezembro de 95.
O cadastro da junta também registra que a sede da empresa era a residência de Mauro -rua Comendador Eduardo Sacaab, 269/111, Campo Belo (zona sul).
"Empresários do norte"
Mauro alega ter vendido a empresa a "empresários do norte", que conheceu em Porto Velho (RO) quando comprava ouro.
"Fiz o famoso contrato de gaveta, mas a venda só foi regularizada em 21 de dezembro de 1995. Saí da empresa em 1994."
Mauro negou-se repetidamente a dizer para quem vendeu a empresa, argumentando que seria "falta de ética muito grande": "Não estou escondendo ninguém. Vou falar com meu advogado, me informar e tomar providências".
O cadastro da Junta Comercial registra Antonio Alves da Silva e Lenildo Couto de Lucena como os novos proprietários da Portfolio. Consta do cadastro que ambos residem em São Paulo e que a sede da empresa foi transferida para a cidade de Caracaraí, em Roraima.
Para mostrar que não ganhou dinheiro em operações irregulares, Mauro disse que está sem conta no banco, sem cartões de crédito e com o condomínio atrasado.
"Sou classe média"
"Você acha que se eu tivesse ganho muito dinheiro, teria um carro desses?", perguntou, apontando um Voyage 84, com a porta dianteira direita amassada, na garagem do edifício. "Sou classe média, a situação está difícil. O mercado está cheio de advogados."
O apartamento onde mora foi comprado, segundo ele, há 14 anos. Mauro disse que vendeu a Portfolio porque a empresa não ia bem: "O Collor acabou com o mercado de ouro no Brasil."

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