São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997
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Mangueira cria 'onda' na bateria

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Escola mais tradicionalista do Grupo Especial do Rio, a Mangueira vai romper, este ano, com uma de suas mais caras tradições: a cadência da bateria.
Pela primeira vez em sua história, ela fará um "novo desenho rítmico", afirma o presidente da bateria, Mestre Alcir Explosão.
Em todos os anos, a bateria da Mangueira mantém sempre a mesma batida do começo ao fim do desfile.
Em 1996, Alcir Explosão ensaiou seus ritmistas para fazer uma "paradinha" -todos param de tocar por alguns instantes-, mas, às vésperas do Carnaval, a Velha Guarda vetou. Por isso, a inovação atual será mais "suave" que a prevista para o ano passado.
Se Explosão guarda segredo sobre o assunto, seu vice, Gérson de Oliveira, 36, deixa escapar que a novidade se assemelha, sonoramente, a uma "onda".
"Vamos fazer essa coisinha só para verem que a gente está aqui e que não tocamos sempre do mesmo jeito", diz Explosão. Segundo ele, a novidade deverá ser executada seis vezes no desfile.
Outras tradições da bateria mangueirense, no entanto, permanecem intocáveis.
A batida característica da Mangueira -o toque conjunto, em uníssono, de todos os surdos de marcação, em oposição ao das outras escolas, em que uma parte dos surdos "responde" à outra parte- está garantida.
A presença de mulheres continua vetada. "Bateria é lugar de machucar a mão. Mulher foi feita para rebolar", diz Explosão.
Olodum
Outra bateria que pretende inovar é a da Unidos do Viradouro. Seu diretor, Mestre Jorjão, 45, nega, porém, que pretenda introduzir uma batida funk no desfile.
"Não tem nada de funk, como estão falando. Está mais para o ritmo do Olodum", diz, referindo-se ao grupo baiano, cuja batida grave lembra os ritmos tribais africanos.
A inovação será empregada no refrão. Além disso, Jorjão está preparando oito paradinhas distintas, todas novas, que serão intercaladas ao longo do desfile.
Na Unidos da Tijuca, a novidade da bateria é chamada de "algazarra" pelo diretor, Mestre Silvão, que a define como "um momento onde os ritmistas vão participar da festa e se divertir".
No refrão principal, a bateria vai parar de tocar, e seus componentes ficarão livres para cantar e sambar à vontade, sem nenhuma coreografia predeterminada.

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