São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bradesco financia carro em até 4 anos

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco ampliou ontem de 24 para 48 meses o prazo máximo para o financiamento de veículos. É o prazo mais longo já concedido nesse tipo de empréstimo pelo banco, fundado há 54 anos.
Os juros ainda estão salgados -6% (taxa fixa) ou 3,5% ao mês (corrigida pela Taxa Referencial)-, mas o anúncio indica que o maior banco privado do país já trabalha com uma visão de longo prazo e aposta no setor de financiamento ao consumo, outrora esquecido sob a inflação elevada.
Além de aumentar o prazo, o Bradesco reduziu suas taxas nos financiamentos mais curtos: os juros prefixados caem de 4% para 3% ao mês nos empréstimos de até 12 meses e passam de 3% para 2,5% nos créditos pós-fixados de quatro a 24 meses.
Quem tomar dinheiro emprestado para pagar entre 26 e 36 meses pagará juros mensais de 5%, ou 3% mais a variação da TR. De 37 a 48 meses, o custo é de 6%, ou 3,5% além da TR.
O diretor-executivo do Bradesco Antônio Fernando Burani, explica que o alongamento do prazo tem por trás a confiança na estabilidade do Plano Real. Além do Bradesco, somente os bancos ligados às montadoras de veículos dão crédito tão longo aos seus clientes.
"Não é uma questão de apostar no plano, mas de acreditar que temos bases consistentes para continuarmos a estabilização", diz ele.
Burani, 46, trabalha há 26 anos no Bradesco e não se lembra de ter visto um prazo desses no financiamento ao consumo de bens duráveis. O diretor-técnico Toshio Nakamura, 54, com 34 anos de banco, também não.
"No final dos anos 60, quando a indústria automobilística cresceu no país, o prazo máximo que tínhamos era de 36 meses, com juros de 6% ao ano e correção pela ORTN", lembra Nakamura.
O Bradesco financia até 70% dos veículos nas operações de até 36 meses. Acima disso, o valor cai para 60%. Nos veículos usados, o prazo máximo é de 24 meses.
Juro alto
Quanto ao juro alto, Burani argumenta que "quanto mais longo o prazo, maior o risco da operação, pois há um componente extra: a depreciação do veículo".
Se o consumidor preferir recorrer aos bancos das montadoras, encontrará taxas prefixadas mensais de até 3,5% (até 36 meses) ou de 4% (entre 37 e 48 meses), segundo a Anef, associação do setor. A Ford financia por até 50 meses.
No Banco Itaú, os prazos chegam a 36 meses, no máximo. Os juros prefixados são de 3.2% (clientes preferenciais) ou 3.7% (comuns) ao mês em empréstimos por até 24 meses. De 25 a 36 meses, a taxa sobe para 3,5% ou 4% ao mês. Nas prestações pós-fixadas, a taxa é de 2,01% ou 2,6% ao mês além da TR, com prazos que vão de quatro a 36 meses.
Qualquer que seja a opção do consumidor, é bom fazer as contas para ver se vale a pena se endividar com juros tão elevados.
No Bradesco, por exemplo, um empréstimo de R$ 12 mil (60% de um veículo de R$ 20 mil) seria pago em 48 prestações prefixadas de R$ 775,80. O valor total pago seria de R$ 37.238,40.
No plano pós-fixado, o mesmo empréstimo custaria R$ 524,22 mensais, corrigidos pela TR.

Texto Anterior: TVA ameaça cortar canais no interior
Próximo Texto: Disque IPVA não funciona no Carnaval
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.