São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997 |
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Maracanã, adeus?
JUCA KFOURI O projeto de privatização da administração do Maracanã pelos próximos 30 anos está perdendo a batalha na mídia.Tudo por causa de um erro crasso que é fruto de um acerto discutível: a diminuição do campo de futebol para dar espaço a uma pista de atletismo que substituiria a do estádio Célio de Barros, que seria demolido para a construção de um estacionamento -fundamental para o shopping ser construído no Maracanã. Que o Maracanã precisa ser modernizado e que não é tarefa do Estado fazê-lo parece óbvio. Que para transformá-lo num centro rentável é necessário não limitá-lo aos eventos esportivos é coisa que salta aos olhos. Construir shopping não deve agredir ninguém além dos que são contra porque são. A demolição do Célio de Barros, equipamento obsoleto e fora dos planos do Rio 2004, naturalmente ofende a comunidade do atletismo, mas só porque não foi apresentada alternativa melhor. Aliás, a alternativa não poderia ter sido pior, indignando o mundo do futebol que não pode mesmo aceitar a diminuição do gramado do Maracanã, um campo nas dimensões máximas permitidas pela Fifa e que dificulta o jogo retrancado -para não citar toda a história cinquentária de que foi palco. Foi aí que o carro pegou, embora os críticos do projeto não tenham lido e nem gostado das 198 páginas encaminhadas pelo único consórcio que se habilitou a participar da licitação -exceção feita ao braço direito do ministro Pelé, Hélio Viana, que, de fato, leu -e odiou. Pois o projeto é, no geral, bom. Basta achar outra alternativa para o Célio de Barros para que, em 30 meses, o complexo do Maracanã volte a orgulhar o carioca. Não que venha a se transformar no mais moderno do mundo, algo que nenhuma reforma em obra de tais proporções permite. Certamente, porém, o projeto oxigena o Maracanã pelos próximos 50 anos. Para azar do consórcio, outro acerto que virou errou foi a escolha da Sportsmedia para fazer a programação esportiva do complexo, fora o futebol. Apesar de ser uma empresa inegavelmente habilitada para tal, tanto que é a agência do Comitê Olímpico Brasileiro, a Sportsmedia tem estado no olho do vulcão ultimamente e, pior, será exatamente o COB, a pedido do governo carioca, quem dará a palavra final sobre o projeto. Mas, vale insistir, o projeto é bom. Palavra de quem o leu. Texto Anterior: Júlio César Chávez; Legado de Joe Louis; Lennox Lewis Próximo Texto: Federação elege o pagode como a música do Paulista Índice |
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