São Paulo, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1997 |
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Polêmica cerca história de Carcaterra
DO "USA TODAY" Deixar "Sleepers" em paz? Não, diz a Igreja Católica.O best seller de Lorenzo Carcaterra chega às telas e ressuscita uma discussão iniciada logo depois de sua publicação: a história é verdade ou ficção? É "uma trapaça que calunia a escola e a Igreja Católica", insiste William Donohue, líder da Liga Católica pelos Direitos Civis e Religiosos, sediada em Nova York. "Envenena ainda mais a atmosfera já envenenada do anticatolicismo. Sabemos que é uma fraude." A resposta de Hollywood? Não interessa se é fato ou ficção. "Não se trata de certo e errado", diz o diretor Barry Levinson. "Trata-se de todas aquelas áreas cinzentas." O que enraivece os líderes católicos é que tanto o livro quanto o filme retratam um padre que mente. Ele o faz para ajudar dois garotos que cresceram em sua igreja nos anos 60 a escapar de uma acusação por assassinato 20 anos mais tarde. Os dois, conspirando com outros colegas, se vingam do guarda de reformatório que os torturara e violentara. Carcaterra manteve sempre que, exceto pela identificação da escola católica verdadeira, ele alterou os nomes e as datas. Admite que alguns detalhes são fictícios. Mas recusa-se a refutar qualquer acusação contra sua história. "Se as pessoas gostarem do filme como entretenimento, está bem", diz Donohue. "Minha única meta é que as pessoas saibam que é ficção." Levinson diz que é irrelevante definir se os acontecimentos representados aconteceram ou não. "Há questões no livro que são completamente verdadeiras", diz. "Questões sobre a influência do local onde se vive e da amizade." Levinson lembra uma cena do filme que, em sua opinião, reflete a ironia da controvérsia sobre a história de Carcaterra. "Um dos garotos diz que não vão nunca mais falar sobre aquilo, porque estão envergonhados. E outro diz que, mesmo que o fizessem, as pessoas não acreditariam, ou se incomodariam." Levinson sorri. "É interessante que, quando Carcaterra enfim escreve sobre sua experiência, as pessoas digam que não acreditam." Tradução Paulo Migliacci Texto Anterior: Livro já está à venda Próximo Texto: Filme reduz Picasso a garanhão cruel Índice |
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