São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997
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Petrobrás volta atrás e assume culpa

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor comercial da Petrobrás, Percy Louzada de Abreu, disse que a empresa foi a culpada pelo erro no cálculo global das importações feitas em janeiro.
A estatal não conseguiu registrar corretamente as compras de petróleo e derivados no mês passado, o que obrigou o governo a anunciar dois resultados para a balança comercial.
Foram divulgados um superávit de US$ 60 milhões -número oficial- e um déficit efetivo de US$ 413 milhões, este incluindo as compras de petróleo.
"Nós atrasamos os registros porque tivemos dificuldades por problemas operacionais nossos", disse Abreu, ontem, depois de participar de uma reunião com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
O diretor da Petrobrás afirmou que a empresa se preparou para as mudanças nos registros das importações com a criação do Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior).
No entanto, os técnicos tiveram problemas ao tentar acessar o sistema. "Ele não respondia de forma positiva", relatou.
Ele afirmou que o governo sabia dessas dificuldades, mas a empresa não soube resolver a questão com agilidade.
Por causa disso, as compras deixaram de ser contabilizadas e só foram registradas importações de R$ 61 milhões de petróleo. Na verdade, a empresa comprou outros R$ 473 milhões, que não passaram pelos registros do Siscomex.
Na primeira quinzena de janeiro, a Petrobrás não conseguiu receber o petróleo que importou, porque as novas regras criadas no mês exigiam documentos que a empresa não possuía.
Informado do fato, o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo editou comunicado, no dia 23, autorizando a Petrobrás a receber a mercadoria. Ainda assim, as compras não foram registradas. "O erro foi mais da nossa parte. Nós subestimamos as condições de operação do Siscomex."
Abreu disse que o erro não foi intencional porque a Petrobrás faz registros de importação em mais de 20 pontos em todo o país.
O Ministério da Fazenda informou que nos próximos dias a estatal vai entrar com todas as declarações de importação pendentes e o resultado da balança comercial de fevereiro vai trazer o registro de todas as compras.
Isso significa que os R$ 473 milhões que não foram contabilizados no sistema em janeiro só serão computados no resultado oficial de fevereiro. Este mês também terá um segundo resultado, efetivo.
Na reunião de ontem, o Ministério da Fazenda decidiu interligar a estatal em uma conta única do Tesouro Nacional. Com isso, todos os pagamentos e recebimentos da Petrobrás serão feitos na conta do Tesouro Nacional, sem precisar passar pelos bancos, o que agilizará a transferência de dados com o ministério.

LEIA MAIS sobre petróleo e balança comercial na pág. 2-4

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