São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Manifestantes mantêm os protestos contra Bucaram em todo o Equador

DA REDAÇÃO; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Manifestantes contrários a Abdalá Bucaram tentaram ontem invadir o palácio presidencial e foram reprimidos com dureza pela polícia e pelo Exército.
Segundo o ex-presidente Rodrigo Borja, um jovem morreu nos choques no centro de Quito. Nem a Defesa Civil nem a Cruz Vermelha confirmaram a morte. Várias bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra os manifestantes nesse incidente, logo depois das 18h (21h em Brasília).
Os oposicionistas rumaram em direção ao palácio seguindo uma conclamação do presidente nomeado pelo Congresso, Fabián Alarcón. Ele deu prazo até as 18h para que Bucaram deixasse o local, sob pena de ter o prédio invadido por seus simpatizantes.
Foi o episódio mais tenso do dia. Quito, Guayaquil e Cuenca, as principais cidades do Equador, mantiveram ontem intensas manifestações contra Bucaram.
Mas, segundo o embaixador brasileiro no Equador, Osmar Chohfi, o clima durante o dia foi de calma, e nenhum morador brasileiro no país teve problemas com os eventuais choques entre polícia e manifestantes.
Cerca de 2.000 homens armados fizeram a guarda do Palácio de Carondelet, sede do governo. Lá está o presidente Abdalá Bucaram e, em um anexo, a vice auto-empossada, Rosalía Arteaga.
Em Guayaquil, principal porto equatoriano, pelo menos duas pessoas ficaram feridas em um choque envolvendo policiais e facções políticas rivais.
A aprovação da destituição de Bucaram levou milhares de pessoas às ruas nas últimas horas de quinta-feira e nas primeiras de ontem. Igrejas badalaram sinos. Carros fizeram buzinaços para comemorar a queda do presidente.
Ela aconteceu após a greve geral conseguir adesão de cerca de 90% da população, o que pressionou o Congresso pelo impeachment.
A maioria da população acompanhou a decisão pela TV, que transmitiu as cerca de três horas de debates no Congresso.
Fabián Alarcón, um dos presidentes em exercício, passou a noite no Parlamento. À tarde, ele fez uma caminhada dali até a Prefeitura de Quito, o que se tornou uma manifestação popular de apoio.
O prefeito de Quito, Jamil Mahuad, foi um dos articuladores da destituição de Bucaram.

Texto Anterior: Destituição é antidemocrática
Próximo Texto: Destituição de Collor abriu caminho para golpes civis na América Latina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.