São Paulo, domingo, 9 de fevereiro de 1997
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Personagem originou série de TV e filme

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O caso Sheppard mexeu tanto com a imaginação coletiva dos norte-americanos que serviu de inspiração para a famosa série de TV "O Fugitivo", transformada em filme em 1993.
Na TV e no cinema, o médico famoso e rico Richard Kimble (David Janssen na TV, Harrison Ford no cinema) conta a mesma história de Sheppard para alegar inocência.
Diferentemente da vida real, em que o misterioso homem não tinha deficiências físicas, na ficção ele era "o homem de um braço só". Condenado, Kimble obtém a liberdade não graças a decisão da Suprema Corte, como Sheppard, mas porque escapa da prisão.
Ele tenta encontrar o verdadeiro assassino, apesar da perseguição obsessiva do tenente Philipe Gerad (Barry Morse na TV e Tommy Lee Jones no cinema).
A série e o filme (dirigido por Andrew Davis) tiveram enorme sucesso. O programa estreou na TV em setembro de 1963 e foi líder de audiência durante quatro anos na rede ABC (no Brasil, era mostrado pela TV Tupi). O último episódio foi o programa de maior audiência dos EUA na década de 60.
A comparação do caso Sheppard com o de O. J. Simpson é inevitável: rico e famoso acusado de matar a mulher com o filho dormindo no quarto ao lado; acusação baseada apenas em evidências circunstanciais; o público em transe; meios de comunicação fissurados.
Durante anos o caso Sheppard foi usado como exemplo pelos que consideram perniciosa a excessiva intrusão da mídia em processos judiciais. A decisão da Suprema Corte de anular o primeiro julgamento se baseou nesse argumento.
Agora, o caso volta a ser citado como exemplo, desta vez pelos que lutam contra a pena de morte. Se a inocência de Sheppard for comprovada (o que ocorrerá se o seu DNA não tiver nenhuma característica do encontrado nas manchas de sangue), a condenação de 1954 será mais uma prova da falibilidade do sistema de júri.
Sheppard não foi executado nem passou a vida preso. Mas, se a pena de morte lhe tivesse sido aplicada, reparar o erro jurídico teria sido impossível. Para os opositores da pena de morte, o apelo que o caso Sheppard ainda tem sobre o público é um importante aliado.
(CELS)

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