São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 1997
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Brasileiros conquistam o mundo

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Este ano é definitivamente o ano das artes plásticas contemporâneas brasileiras no mundo. Os números estão aí, assim como os nomes, para quem quiser conferir.
Levantamento feito entre as mais importantes galerias do eixo Rio-São Paulo mostra que os brasileiros estarão em pelo menos 50 cidades espalhadas em 22 países de todos os continentes. Nem sequer a África e a Oceania escaparam. No ano passado, levantamento semelhante realizado no mesmo período concluiu que 37 cidades de 17 países veriam a produção contemporânea brasileira.
É de se notar ainda que, além do aumento quantitativo, existe o aumento qualitativo. A feira espanhola Arco 97, em Madri, por exemplo, que este ano é dedicada à produção latino-americana, selecionou dez galerias brasileiras contra apenas cinco do México, segundo país com mais galerias na feira.
O maior interesse pela arte brasileira no exterior é inegável. Mesmo depois de terminada a Bienal, em 8 de dezembro, curadores internacionais continuam visitando o país.
"O interesse pela arte brasileira será bem maior em 97 e vai crescer muito mais nos próximos anos. Já despertamos o interesse de países aos quais tínhamos pouco acesso, como Canadá, Áustria e Austrália. Mesmo países como Espanha e Portugal, com os quais mantínhamos um intercâmbio artístico 'oficial', por vias diplomáticas, agora fazem convites para artistas e galerias independentes", disse o galerista Marcantonio Vilaça.
"Os curadores estrangeiros já olham o Brasil dependendo dos artistas daqui para suas mostras."
O marchand carioca Thomas Cohn também acredita que esse interesse externo deva crescer ainda mais. "As pessoas não sabem nada sobre arte latino-americana e estão muito interessadas no que se faz aqui. Um reflexo são os vários museus dedicados à arte latino-americana que estão sendo abertos, como em Phoenix (EUA) e Badajós (Espanha)", disse.
Ricardo Trevisan, da Casa Triângulo, que participa este ano pela primeira vez da feira espanhola Arco, acredita que os resultados desse interesse crescente ainda estejam por acontecer.
"Embora várias mostras já estejam confirmadas, muitos outros eventos já estão sendo articulados, e esse 'boom' deve aumentar ainda mais durante o ano", disse o galerista, que este ano realiza as primeiras individuais de três artistas: Rosanna Monnerat, Laura Lima e Gilberto Vançan.
Mesmo a galerista Regina Boni, uma crítica da expansão externa da arte brasileira sem a consolidação do mercado interno, concorda com o crescimento. "Existe um interesse maior, mas ele ainda é pequeno", disse. Boni acredita na formação de um novo investidor em arte, principalmente a partir da maior confiança no Plano Real.

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