São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 1997
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Bom exemplo esquecido; Ultra-sonografistas; Republiqueta de bananas; Sobre o muro; Compostura; Alento; Preconceito; Falta de colaboração; A voz do povo

Bom exemplo esquecido
"Há poucos dias recebemos uma visita importante: o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter e mulher. Vieram ao Brasil com a finalidade precípua de conhecer um hospital. Um hospital vinculado ao Sistema Unificado de Saúde, que havia chamado a atenção daquele famoso casal.
Um atendimento de Primeiro Mundo para nossa clientela constituída de 80% de pacientes do SUS. Só quem reconheceu esse mérito foi o casal visitante, já bem acostumado com o luxo e a tecnologia dos hospitais americanos.
Refleti, então, sobre o que mobiliza a atenção dos leitores brasileiros. Serão as mortes de bebês em Roraima? As dezenas de pacientes renais crônicos sem atenção médica?
Talvez sejam de maior importância as catástrofes dos hospitais e os grandes desastres.
É possível que tenhamos perdido a acuidade visual para o belo. Que tenhamos perdido a sensibilidade para o digno e fraterno."
Sílvia Regina Brandalise, presidente do Centro Infantil de Investigações Hematológicas Dr. Domingos A. Boldrini (Campinas, SP)

Ultra-sonografistas
"Sobre a carta assinada pelo dr. Antonio Celso Nunes Nassif, presidente da AMB -Associação Médica Brasileira- ('Painel do Leitor', 21/1): o que a nossa entidade quer é deixar público que a Associação Médica Brasileira tem sido conivente com o posicionamento assumido pelo CFM, que vem postergando, por mais de três anos, o processo de reconhecimento do título de especialista para os ultra-sonografistas.
Quanto à liminar que a SBUS obteve para salvaguardar os honorários dos médicos ultra-sonografistas, temos a observar: 1 - que a ação denúncia do dr. Nassif é uma simples carta não-publicada;
2 - que até a obtenção da liminar, o acordo Ciefas/CBR/AMB estava vigorando e as tabelas sendo aplicadas;
3 - que só após a liminar o acordo Ciefas/CBR/AMB foi descontinuado.
Surpreendentemente, a diretoria da AMB entrou, em 17/12/96, na Justiça visando cassar a liminar conseguida pela SBUS, que determina a suspensão do acordo.
Por que o dr. Nassif deseja derrubar uma liminar que beneficia médicos ultra-sonografistas? Por que quer derrubar a sua própria denúncia? A AMB está pró ou contra o acordo?"
Lúcia de Paiva Schaedler, representante regional da Sociedade Brasileira de Ultra-Sonografia (Tangará da Serra, MT)

Republiqueta de bananas
"Alguém, em certa ocasião, nos chamou de 'republiqueta de bananas' e, obviamente, não gostamos.
Contudo, lendo, vendo e assistindo todas as 'grandes negociatas', 'barganhas' e 'maracutaias' dos nossos congressistas para a aprovação, em primeiro turno, da emenda da reeleição e, sobremaneira, para as eleições do Senado e Câmara, podemos concluir que já chegamos ao máximo do retrocesso político (das bananas)."
Dalton Chaves Vilela (Ituiutaba, MG)

Sobre o muro
"Lamentável sob todos os aspectos o editorial sobre o PAS. A Folha ficou em cima do muro nas suas críticas. Do que adianta fazer um curativo se não se trata a ferida?
O PAS se mostrou uma medida demagógica, eleitoreira, e a Folha insiste em não admitir que sempre o avaliou errado.
Enquanto a Folha perdia espaço precioso tentando explicar o que era o PAS, não procurou investigar para ver o que havia por trás disso tudo.
Se a Folha continuar aceitando a versão oficial, a tiragem vai continuar caindo."
David Feder (São Paulo, SP)

Compostura
"Esse cidadão que está ministro, pois é mais o chicote de FHC, deveria ter mais compostura ao dirigir a palavra a um político que está construindo uma nação.
Se tivéssemos um ministro das Comunicações com 10% da visão e capacidade de realização de Jaime Lerner, já teríamos saído deste atraso na área de comunicações."
José Portinho Júnior (São Paulo, SP)

Alento
"Parabéns, Marilene Felinto, pelo seu lúcido e até emocionado artigo 'Reforma agrária brasileira, uma luta belga' (28/1).
No mesmo dia, para nossa vergonha e em primeira página, a Folha registra para a história dois cavaleiros de arma em riste, não somente ameaçando os sem-terra, mas as leis e as instituições do Brasil.
Parabéns pelo alento de seu texto, em tempos em que parece que as pessoas estão perdendo a capacidade de se indignar com o estado de miséria absoluta disfarçada em 'modernidade'."
Romildo Sant'Anna (São José do Rio Preto, SP)
*
"Sobre o artigo 'Reforma agrária brasileira, uma luta belga' (28/1), de Marilene Felinto: as fazendas do oeste de São Paulo, grandes ou pequenas, não estão concentradas nas mãos de cinco ou seis famílias do tempo do Brasil colônia.
A titulação delas vem da segunda metade do tempo do Império; são milhares de proprietários, grandes ou pequenos, que compraram de boa-fé, com registros em cartórios (do governo); não são grileiros.
São produtivas e, se não o forem, podem ser desapropriadas para reforma agrária, mas dentro das leis do país.
Demagogia: se os sem-terra acampados estão sem comida, os proprietários não são os culpados. A justificar a filosofia exposta, a invasão de supermercados é mais óbvia.
Demagogia: o saco de milho é vendido por R$ 6 e outras coisas fúteis são muito mais caras? Tudo bem, mas por isso o proprietário rural deve ser invadido?"
Francisco Jacintho da Silveira (Presidente Prudente, SP)

Preconceito
"Mais uma vez a Folha mostra o seu preconceito para com os evangélicos. Por que o jornalista Fernando Rodrigues não escreveu também sobre como se comportaram os deputados católicos, judeus, espíritas, ateus etc. na votação pela reeleição?
Entendo que um jornalista deve fazer menção à religião ou à cor ou raça de uma pessoa, seja político ou não, quando essa característica for relevante para a notícia.
E não apenas para denegrir a imagem de toda uma comunidade!"
Roberto Croitor (São Paulo, SP)

Falta de colaboração
"Cada vez mais, torna-se necessário termos memória suficiente para não esquecer o que se passa neste país.
É impressionante como os interesses da comunidade nada valem aos políticos que nos representam.
Não falo a favor de governo nenhum, mas me cansa tanta hipocrisia. Ver decisões tão importantes sendo tomadas de acordo com o interesse de cada um nos faz crer que, por mais que queiramos acreditar num país melhor, existem poucas pessoas dispostas a colaborar."
Luciana de Oliveira Abed (São Paulo, SP)

A voz do povo
"Por que o 'Jornal Nacional' está perdendo audiência?
Criou-se a idéia de que só os jornalistas-editores é que têm competência para fazer os programas.
Só que eles esqueceram de consultar o povo, e o povo quer Cid/Sérgio para fazer o 'Jornal Nacional'."
Emilie Taub (São Paulo, SP)

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