São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997 |
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Terapia reduz cegueira causada por Aids
AURELIANO BIANCARELLI
O procedimento é um implante intra-ocular já aprovado pelo Ministério da Saúde e pelo FDA, órgão do governo americano que controla remédios e alimentos. Durante oito meses, o implante libera a medicação que, na terapia convencional, precisa ser aplicada todos os dias. Em outra frente, o uso de uma nova droga, o fomivirsen, aplicada dentro do globo ocular com o uso de uma agulha finíssima, vem conseguindo recuperar mais de 50% da visão já perdida. A terapia ainda está em fase de teste num estudo multicêntrico aprovado pelo FDA e pelo Ministério da Saúde. Os dois procedimentos estão sendo desenvolvidos pelo grupo de Aids ocular da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A cegueira em doentes de Aids é provocada por uma retinite, infecção da retina causada por um vírus chamado citomegalovírus. O vírus pode atacar diferentes partes do organismo, mas seus danos no olho são rápidos. Em duas ou três semanas sem medicação, o doente pode perder a visão. O tratamento convencional é feito com a droga ganciclovir por via endovenosa. Nos primeiros 21 dias, o paciente recebe duas doses diárias, o que o obriga a ir duas vezes ao dia ao hospital. O tratamento deve ser feito pelo resto da vida, com uma ida diária ao hospital. As novas terapias têm, entre outros benefícios, a vantagem de não provocar tanto desconforto ao paciente e de não depender de aplicações endovenosas diárias. O implante intra-ocular tem a forma de uma cápsula de 2,5 mm de diâmetro por 3 mm comprimento e é fixado por uma haste dentro do globo ocular. O interior do implante contém 4,5 miligramas de ganciclovir que são liberados lentamente -cerca de 1 micrograma por hora, o que significa um tratamento de oito meses. O implante é feito com uma pequena cirurgia de 20 minutos. "A Unifesp já fez mais de 70 implantes com excelentes resultados", diz Cristina Muccioli, do Departamento de Oftalmologia da EPM-Unifesp. A Unifesp é o primeiro centro da América Latina a fazer o implante. O fator limitante é o preço: o implante, fabricado pela Chiron Vision americana, custa US$ 4 mil. O implante não é pago pela rede pública de saúde. Segundo a médica, três pacientes conseguiram na Justiça que seus convênios médicos arcassem com os custos. Depois de oito meses, esgotado o medicamento, o implante precisa ser substituído. Texto Anterior: Belo Horizonte tem Carnaval violento Próximo Texto: Blitze com bafômetro multa 19 motoristas; Três ladrões assaltam estação Brigadeiro; Polícia monta operação contra drogas no litoral; Belo Horizonte tem Carnaval violento Índice |
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