São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Albert King

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito bem-vinda a iniciativa da Paradoxx de recuperar o período de menor sorte do mais azarado guitarrista da história do blues, Albert King (1923-1992).
Os CDs "New Orleans Heat" -gravado em 1978- e "Chicago 1978" resgatam o momento mais dançante da carreira do músico.
Na época do lançamento, esses trabalhos foram um retumbante fracasso de vendas. Pudera, o mundo fervia ao som da disco music, e pouca gente achava interessante mexer o corpo sob um tipo de sonoridade desenvolvida no Tennessee havia dez anos. Azar.
Mesmo antes disso, apesar do talento reconhecido regionalmente, King teve sua música obscurecida pela guitarra de um vizinho de Mississippi que adotou o mesmo sobrenome artístico, B.B. King.
Fundindo o gosto pelo som orquestral das big bands -influência direta de T-Bone Walker- com o fraseado reticente de B.B., Albert King atravessou o resto da década à beira do ostracismo.
A má sorte deu uma trégua em 1966, ano em que King assinou com o selo Stax, de Memphis, e passou a gravar acompanhado pela banda Booker T. and the MGs.
O resultado da união foi um blues sem precedentes, dançante e funkeado. Dessa época há "Born Under a Bad Sign", em que o guitarrista diz que "má sorte e problemas são meus únicos amigos".
King arregimentou uma legião de guitarristas fascinados pelo seu estilo. Exemplo: o disco "Wheels of Fire", do Cream, foi composto em torno da sonoridade de King.
Mais do que a tentativa de atualizar a sonoridade de King para os anos 70, os relançamentos da Paradoxx fazem um resgate desse período prolífero do guitarrista.
O blues mais tradicional está representado por "The Feeling", calcada em "The Thrill Is Gone", de B.B. King. É uma boa oportunidade para perceber as pequenas diferenças que distinguem os dois Kings.
Mais próximo da sonoridade original de King, o CD "Chicago 1978" mostra os atributos que fizeram Joe Walsh, dos Eagles, afirmar que King seria capaz de estraçalhar Eddie Van Halen sem ligar o amplificador: eletricidade, vibração, timbre picante e poucas notas, todas nos lugares certos.

Discos: New Orleans Heat e Chicago 1978
Banda: Albert King
Lançamento: Paradoxx
Quanto: R$ 18, em média

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