São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997 |
Próximo Texto |
Índice
DISPUTA AMERICANA O presidente Fernando Henrique Cardoso apontou, durante visita a Londres, falhas na abertura da economia brasileira, iniciada no governo de Fernando Collor de Mello. Para FHC, houve "precipitação" em certos passos desse processo, o que seria a causa de algumas das dificuldades enfrentadas pelo governo hoje. A crítica a uma abertura indiscriminada já fora feita pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, durante recente troca de acusações entre Brasil e EUA. Entretanto, as declarações visavam principalmente as ameaças das nações desenvolvidas em relação ao futuro, sem questionar medidas do passado. Ao indicar problemas em decisões tomadas anos atrás, o presidente da República não apenas repetiu o tom de críticas já pronunciadas, mas também afirmou que o país estaria pagando atualmente por erros anteriores. Em sua visão, exatamente por isso o Brasil deveria tomar mais cuidado ao decidir por novos passos em termos de abertura econômica. Para reiterar seu compromisso com esse processo, o presidente declarou que o país não está disposto a se fechar, mas destacou a necessidade de haver uma "reciprocidade". A dificuldade atual está em achar uma acepção comum ao termo, pois tanto Brasil quanto EUA acreditam que têm cedido mais do que o outro em sua política de comércio exterior. Fernando Henrique Cardoso não pode e certamente não deverá renunciar à abertura que, entre outras consequências, facilitou em muito a entrada de produtos importados, elemento de grande importância para o sucesso do combate à inflação. O que existe hoje na América é uma clara disputa por mercados. O Brasil sabe de suas fragilidades num embate direto com os EUA e por isso precisa se fortalecer por meio do Mercosul. Como a própria expansão do bloco regional é vítima de seguidos ataques norte-americanos, para que FHC veja consolidada sua tese do "toma lá, dá cá" o país terá de lidar com muitas pressões. Trata-se de um teste tanto de força quanto de resistência para o governo brasileiro. Próximo Texto: ECONOMISTA PLATÔNICO Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |