São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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CNC quer liberar estoques do Funcafé

ALARICO REZENDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A liberação dos estoques do Funcafé (Fundação de Defesa da Cafeicultura) pode ser a salvação da lavoura brasileira.
A opinião é do presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), Gilson Ximenes Abreu.
Ele observa que os recursos gerados com a venda desse café proporcionariam benefícios à produção cafeeira.
"Quem tem café é o Brasil e assim mesmo dos estoques do Funcafé", diz o presidente do CNC, acrescentando que a escassez é a grande responsável pela alta do produto.
Segundo Ximenes, a liberação dos estoques poderá gerar recursos para a produção.
"Precisamos leiloar os estoques do Funcafé, dentro de um plano de liberação de estoque. Precisamos de um patamar de lucratividade", diz Ximenes.
Para ele, é preciso fazer imediatamente o saneamento da cafeicultura, por meio do alongamento das dívidas dos produtores, com juros compatíveis com uma economia estabilizada.
"O Funcafé tem R$ 250 milhões, mais 9 milhões de sacas de café. Com isso, poderemos levantar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões para salvar a produção de café do Brasil, que emprega 5 milhões de pessoas", diz.
O presidente do CNC acrescenta que a balança de exportação brasileira garante US$ 3 bilhões/ano no setor café. "Isso tudo sem royalties, porque retiramos de nosso próprio solo", diz.
Safra de 20 milhões
Este ano, o Brasil deve colher em torno de 20 milhões de sacas de café, segundo avaliação de produtores e do governo.
Na safra anterior, o Brasil colheu 26 milhões de sacas, dos quais exportou 15 milhões de café verde e 2,5 milhões de solúvel.
O consumo interno é de 11 milhões de sacas.
Oto Vilas Boas, superintendente da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), explica que essa queda se deve a problemas climáticos e falta de uma adubação adequada.
Para ele, a redução da cota de exportação definida pela APPC (Associação dos Países Produtores de Café), de 1 milhão de sacas de robusta e de 300 mil do arábica, não compromete.
"Não muda nada porque não tem sobra de café. Hoje falta arábica e já sobra robusta no mercado mundial."

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