São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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Pelourinho resgata antigas folias e abre espaço a crianças e idosos

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Durante todo o Carnaval baiano, as ruas do Pelourinho foram palco de folia para pessoas que normalmente não têm condições físicas para acompanhar o ritmo dos blocos durante sete horas ininterruptas de desfile: crianças e idosos.
A coordenação do Carnaval promoveu no Pelourinho bailes infantis (à tarde) e adultos (após 22h).
As músicas interpretadas pelas estrelas da axé music foram substituídas por marchinhas compostas há mais de 50 anos por Braguinha, Noel Rosa e Lamartine Babo.
As ruas do Pelourinho também foram decoradas com objetos e animais citados pelo escritor Jorge Amado em um dos seus mais famosos romances, "Tieta do Agreste", além de máscaras, colombinas e serpentinas.
Enquanto os blocos tradicionais cobraram até R$ 640 pelo abadá (fantasia), as pessoas que optaram pelo Carnaval do Pelourinho não pagaram nada nos cinco dias de folia. A Bahiatursa (órgão oficial de turismo do Estado) pagou o cachê dos músicos e bandas.
"O sucesso do Carnaval do Pelourinho demonstra que a folia baiana tem espaço para todos os ritmos", disse o secretário estadual da Cultura, Paulo Gaudenzi.
Ao som de bandas e orquestras, cerca de 3.000 crianças e adultos participaram todos os dias dos bailes públicos realizados em frente à Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do Pelourinho. "Trouxe minha filha de seis anos para se divertir todos os dias", disse a professora Tânia Albuquerque, 34.
"Não há nada melhor que brincar o Carnaval em um cenário tão bonito como os casarões do Pelourinho", disse o engenheiro carioca Antonio Carlos Rodrigues, 56.
Ocorrências
Para garantir a segurança dos foliões, a Polícia Militar mobilizou cerca de 800 homens, que se revezaram 24 horas por dia. Até o início da noite de ontem, a PM tinha registrado apenas oito agressões envolvendo foliões desde o início do Carnaval no Pelourinho.
A aposentada carioca Regina Santos Oliveira, 65, disse que ficou entusiasmada com o Carnaval do Pelourinho. "Foram cinco dias em que revivemos os antigos Carnavais e dançamos ao som de orquestras sensacionais."
O prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy (PFL), 48, disse que a proposta de fazer um Carnaval diferenciado será repetida no próximo ano. "Recebemos muitas mensagens de turistas e baianos elogiando a nossa iniciativa."

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