São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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A desmistificação passa

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Os fãs do Monty Python costumam ver em seus filmes um trabalho de desmistificação do passado e/ou dos mitos, que pode ser encontrado em "Monty Python e o Cálice Sagrado" (Fox, 21h).
Raciocinando no sentido contrário, pode-se pensar em quanto a descrença agressiva em relação às crenças passadas procura, ela própria, recobrir uma mitologia com outra e substituir uma fé por outra, contemporânea.
O cinema é cruel com o passado: quando observamos um filme de 1920, não é dado imaginar o que era essa época. Ela está lá e pronto. Dos gestos às pesadas maquiagens ou ao modelos dos automóveis, tudo serve para condenar o passado por simplesmente ser passado.
O reverso da medalha é que o presente é muito rápido. Dez anos bastam para construir um anacronismo: modelos de terno, cortes de cabelo, calçados -nada resiste no universo da imagem.
Daí haver certa facilidade na desmistificação. Ela afirma o presente de maneira um tanto perversa: suprimindo-o da história. Daí as desmistificações passarem com certa rapidez.
"Imitação da Vida" (TNT, 12h), a versão de Douglas Sirk, feita em 1960, ao contrário, permanece.
(IA)

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