São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997
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Ensino médico deve sofrer reciclagem

Currículos serão alterados

DA REPORTAGEM LOCAL

Os sistemas de vigilância da saúde terão que ser aperfeiçoados para detectar rapidamente as chamadas doenças emergentes e reemergentes. Os profissionais de saúde precisam ser reciclados, e as escolas de medicina terão de reformular seus currículos para poder diagnosticar novos surtos.
O alerta vem sendo feito por especialistas ligados a instituições médicas e a universidades.
Há alguns meses, a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) vêm chamando a atenção para as novas doenças. Em alguns casos, como o do Ébola, o vírus era desconhecido no homem. Outras doenças, como a tuberculose e a pneumonia, estão reaparecendo com maior gravidade.
"Não há motivo para pânico, mas os órgãos de vigilância e os profissionais de saúde precisam estar alertas às doenças emergentes", afirma Lygia Iversson, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP. Desde os anos 70, ela vem estudando os arbovírus que provocam, entre outras doenças, a dengue e a febre amarela. Segundo ela, os médicos e os laboratórios são fundamentais para o diagnóstico rápido dos novos casos.
Lygia separa as doenças "novas" em quatro grupos: aquelas já conhecidas, mas cujo agente se tornou resistente às terapias, como é o caso da tuberculose, as que existiam em outros países e estão surgindo no Brasil, as cujo agente causador só recentemente passou a infectar o homem e as doenças só diagnosticadas agora.
Celso Nunes Nassif, presidente da Associação Médica Brasileira, diz que os currículos das escolas de medicina terão de contemplar as doenças emergentes.
Antonio Werneck, secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, diz que uma rede internacional já vem monitorando os surtos das novas doenças.
"O ministério mantém um contato diário com a OMS", afirma. Todos os casos de doença de notificação compulsória são transmitidos em menos de 24 horas.
Segundo Werneck, o Brasil mantém barreiras sanitárias em portos e aeroportos.
Há dois meses, uma missão comercial japonesa foi barrada no Galeão por ter feito escala em um país africano com alta ocorrência de febre amarela.

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