São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997
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Renato chega, mas resiste em ficar

ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Renato Gaúcho, 34, foi apresentado ontem, no Morumbi, como o grande reforço do São Paulo para o Campeonato Paulista, mas ainda não pode ser considerado jogador do clube.
Além de não ter assinado contrato com o São Paulo, Renato demonstrou ontem muita relutância em deixar o Fluminense -seu ex-clube - e, principalmente, a cidade do Rio de Janeiro.
Na verdade, Renato recebeu uma nova proposta para ficar no Flu.
José Isaac Perez, do grupo Multiplan, o mesmo que bancou o retorno de Romário ao Flamengo, está interessado na permanência do jogador no Rio e teria uma reunião ontem à noite com ele, o que deixou o São Paulo em alerta.
"Ainda não assinamos nada, mas prefiro confiar na palavra do Renato. Tudo será colocado no papel quando ele passar pelos exames médicos e tiver condições físicas de jogo", disse o presidente do São Paulo, Fernando Casal de Rey.
Na festa de apresentação, Renato recebeu a camisa 7 do São Paulo -o número de inscrição de Aristizábal no Campeonato Paulista-, mas optou por não vesti-la.
Ontem mesmo voltou ao Rio, adiando a bateria de exames clínicos e físicos, que seriam feitos hoje. "Vou buscar minhas coisas e volto na segunda ou terça-feira", se limitou a dizer.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista coletiva.
*
Pergunta - Por qual motivo você ainda não assinou contrato com o São Paulo?
Renato Gaúcho - Fiz um acordo com a diretoria. Só assinarei o contrato quando tiver passado por todos os exames e me encontrar em condições de jogo.
Pergunta - É verdade que o Fluminense fez uma nova proposta para você continuar no clube?
Renato - É verdade. Eles ofereceram pagar 20% da dívida que têm comigo -segundo o jogador, cerca de R$ 1,3 milhão-, mas eu pedi no mínimo 40%, já que não recebo há quase dois anos.
Pergunta - E se eles concordarem em pagar os 40%?
Renato - Se era difícil ficar no Fluminense, agora é quase impossível. Sou praticamente jogador do São Paulo. Dei minha palavra ao presidente Fernando Casal de Rey.
O Fluminense teve mais de um mês para renovar meu contrato, mas não me procurou. O problema é que a torcida não aceita minha saída. Posso até voltar a conversar com o Fluminense, mas preciso consultar o São Paulo.
Pergunta - Você recebeu outras ofertas, além da do Fluminense?
Renato - Recebi do Flamengo e do Atlético-MG, mas a do São Paulo foi melhor. É verdade que seria difícil eles me contratarem sem a ajuda da Federação Paulista.
Pergunta - Você está preparado para deixar o Rio e vir morar em São Paulo?
Renato - Posso até sentir saudades, mas tenho que esquecer e procurar me adaptar em São Paulo. Amo a praia, mas quando eu parar de jogar ela não vai sustentar minha família.
Falei para a minha galera que a praia não vai embora. Que eu preciso correr atrás do meu sustento.
Pergunta - São Paulo é uma cidade atraente para você?
Renato - São Paulo é um grande centro onde eu ainda não joguei, mas não conheço quase nada da cidade. Só sei que é completamente diferente do Rio. Dizem que São Paulo tem ótimos restaurantes e uma noite sensacional. Mas não sei o que faria à tarde quando fosse treinar apenas pela manhã.
O Rio, por sua vez, é uma cidade do dia, da praia.
Pergunta - Essa falta de opções pode fazer você mudar de idéia?
Renato - Se eu não gostasse de São Paulo, eu não estaria aqui, agora. Teria acertado com Flamengo ou Fluminense.
Pergunta - Você ainda tem alguma pendência no Rio?
Renato - Tenho que resolver a dívida do Fluminense e um processo que movi contra a mãe da minha filha -a apresentadora Carla Cavalcanti- para pagar uma pensão menor.
Se o Edmundo paga R$ 500,00, eu não posso pagar R$ 4.500,00.
Pergunta - Você se sente completamente recuperado da cirurgia no joelho direito que o afastou do futebol por dez meses?
Renato - Sim. Mas decidi assinar contrato só depois dos exames para provar para certas pessoas que não acreditam na minha volta. Posso jogar normalmente por mais dois ou três anos. Vinha jogando futevôlei e futebol de praia.
Pergunta - Qual será sua principal missão no São Paulo?
Renato - Ajudar os jogadores mais novos. Levo eles na conversa. Qualquer time do mundo precisa de dois ou três jogadores experientes para não se deixar intimidar. Acho que tenho esse perfil. O Válber pode me ajudar.
O segundo passo é conquistar o inédito título paulista.

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