São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997
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'Senhorita Smilla' decepciona na abertura

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O filme "Senhorita Smilla e o Sentido da Neve", do diretor Bille August, teve recepção fria e poucos aplausos após sua exibição na abertura do 47º Festival Internacional de Cinema de Berlim, ontem, na Alemanha.
O festival, que acontece até dia 23, exibe mais de 300 produções, entre elas, na mostra competitiva, "O Que É Isso, Companheiro?", de Bruno Barreto.
No primeiro dia, o público não foi convencido pela adaptação para o cinema do best seller de Peter Hoeg, uma história de suspense passada na Groenlândia. Com orçamento de US$ 35 milhões, "Senhorita Smilla...", uma co-produção alemã-dinamarquesa, foi o filme europeu mais caro do ano.
Com a exibição, fracassou também o que deveria ser uma homenagem da organização do festival a Bernd Eichinger, produtor alemão do filme. Eichinger e August trabalharam juntos na adaptação para o cinema do romance "A Casa dos Espíritos", de Isabel Allende.
Ontem, os jornais locais publicaram críticas devastadoras sobre seu novo filme, classificando a obra como "paródia feminina de James Bond".
Protagonizado por Julia Ormond e com Vanessa Redgrave e Gabriel Byrne no elenco, o filme conta a história de uma matemática dinamarquesa que não acredita na morte acidental de um garoto de origem esquimó em Copenhague e viaja para a Groenlândia para resolver o suposto crime.
August, ganhador de um Oscar por "Pelle, o Conquistador", disse ter se esforçado para combinar o cinema espetacular de Hollywood com um relato nada convencional.
Mesmo assim, ressaltou que "a experiência da leitura de um romance de 500 páginas, que se estende por 10 ou 15 dias, é algo completamente diferente de um filme de duas horas que se assiste em um cinema acompanhado de muitas outras pessoas."
Boicote
A organização não confirmou nem desmentiu os rumores de boicote das estrelas de Hollywood à competição, surgidos por causa do cancelamento inesperado da visita de um grupo de atores à cidade de Berlim.
Um dia antes do início do festival, Jack Nicholson, Sandra Bullock, Andie McDowell e Daniel Day-Lewis e outros anunciaram que não iriam mais a Berlim para promover seus filmes.
A ausência dessas personalidades teria sido causada pela polêmica surgida em torno da decisão do governo de controlar na Alemanha as atividades da igreja da cientologia, que tem numerosos adeptos em Hollywood e é considerada seita perigosa no país.
Há semanas, um grupo de diretores e atores norte-americanos enviou uma carta ao chanceler Helmut Kohl, em que o acusavam de perseguir a cientologia como os nazistas perseguiram os judeus.
"Esse boato está na boca de todos", disse o porta-voz do festival, Horst Benzrath.

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