São Paulo, segunda-feira, 17 de fevereiro de 1997
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Nomes conhecidos falam do estilo

"Eu odeio muito música Gospel. Esses caras tocam todos os tipos de música, tentam cercar os jovens por todos os lados. Isso é horrível.
Saber tocar é o de menos. Eles não têm o dom, a força. Acho que Jesus não deixa. É um absurdo, tem até banda de death metal, com os caras cantando com voz de demônio, falando de Deus. Essa música tem tudo a ver com o capeta. A sonoridade deles vem das profundezas. Para mim esses caras estão viajando."
João Gordo, 32, é vocalista da banda Ratos de Porão

"Em termos de produção musical, os americanos estão muito à frente, acompanhando a tendência do mercado mundial. A produção nacional é muito devagar. Estou produzindo o Balanço Negro, um grupo de rap gospel, positivo. Metade do disco fala de religião. Eles eram adolescentes violentos de Guaianazes até encontrarem o caminho da fé. Acho interessante, é um modo de passar uma mensagem positiva. A juventude deveria se identificar."
DJ Hum, 29, da dupla de rap Thaide e DJ Hum

"Em geral, os músicos têm boa formação técnica, tocam bem e os discos são bem gravados. Já ouvi dos próprios músicos que eles têm dificuldade de fazer um som mais criativo. São quase como uma banda de cover com outras letras, têm uma sonoridade clichê. Mas há exceções. Além do mais, há clichê em toda música, que hoje está massificada. Quando escuto gospel, tento abstrair a mensagem, que não me interessa, para ver se tem um som legal. Mas acho maçante."
John, 30, é guitarrista e vocalista do Pato Fu

"Não costumo ouvir música gospel, acho meio chato. Os caras são bons músicos, preocupados com a técnica, mas são muito chatos. Rock and roll tem a ver com diversão, sair com os amigos, beber cerveja, mulher. Não consigo associar com Deus, ir a igreja, ficar em casa. É meio babaca esse rock gospel. Pra mim gospel é uma negrona gorda cantando soul music, tem mais a ver. Isso eu acho até legal."
Felipe Machado, 26, guitarrista do Viper

"É importante que as pessoas saibam que esse tipo de gospel tem uma estrutura marketeira, popularesca, diferente em essência do gospel tradicional. O que eu já ouvi foi para me divertir e saber o que estão fazendo musicalmente. São coisas fracas, independentemente do estilo. Tecnicamente limitadas, calcadas em um amontoado de clichês de mensagens religiosas. Talvez haja meia dúzia fazendo um trabalho sério, mas 90% é picaretagem para vender. A maioria é ruim."
Fábio Massari, 32, é VJ da MTV

"Quando vejo os programas de gospel na TV, a primeira coisa que faço é mudar de canal. Não tem nada a ver. Aquilo é 'fake' total, eles imitam as bandas posers de heavy metal. Os clipes parecem propaganda de xampu. A qualidade das músicas é boa, mas o grande lance não está em tocar bem. Nenhum dos Beatles era grande músico, e essa foi a maior banda do planeta. Os grupos de gospel trabalham fórmulas conhecidas. Não criam nada novo."
Kid Vinil, 42, é vocalista do Verminose e DJ da Mix FM

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